quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MOMENTOS INESQUECÍVEIS DO PALMEIRAS EM 2009 – PARTE I

Pensando em um post para o fim de ano, resolvemos eleger as maiores alegrias e decepções do Palmeiras em 2009. Dessa forma, surgiu a idéia de destacar o que consideramos os momentos inesquecíveis do palmeiras neste ano que se finda. Há momentos ruins, péssimos, assim como os bons e até mesmo incríveis. Todos eles provavelmente não serão esquecidos tão cedo pelo torcedor palmeirense, alguns ficarão na cabeça do torcedor rival ou do fã de futebol. São momentos que ficarão marcados nas memórias desse ano cheio de emoções alviverdes. Pois bem, vamos a eles em ordem cronológica, cada um confira a importância que esses momentos tiveram para si.


26/01/2009: Um dia especial para o Palmeiras, para os palmeirenses. Um dia a ser lembrado. Hoje vemos que Belluzzo não significa a perfeição, como muitos acreditaram. O homem também erra, também faz suas besteiras, também deixa a desejar, além de não estar sozinho no barco e ter muitos “companheiros” falhos. Porém, era o tão esperado símbolo de mudanças. E mesmo apesar de decepções, grandes mudanças ocorreram, e cremos que continuarão acontecendo. A eleição de Belluzzo, no dia 26 de janeiro de 2009, pode não significar que agora tudo está certo no Palmeiras, há muito para mudar. Mas significa que a mudança está realmente acontecendo. Foi um acontecimento comemorado por muitos como um título, uma grande vitória do Palmeiras.


08/04/2009: Eles queriam guerra, pensaram que poderiam massacrar fácil o Alviverde Imponente. O Sport estava no maior momento de sua história, competindo na Libertadores da América, já o Palmeiras era tido como eliminado na competição. Seria difícil classificar-se para as oitavas de final, e isso foi prato cheio para que o pessoal da Ilha e integrantes da imprensa julgassem que poderiam dizer tudo o que bem entendiam. O Palmeiras parecia a presa mais fácil para o leão da ilha do retiro. O auê foi feito, deixando palmeirenses irados. E a resposta veio certeira, de melhor forma impossível. Dias antes, em jogo do Campeonato Paulista, Diego Souza deu o recado: ao marcar gol, o camisa 7 se dirigiu à torcida e sentenciou “é quarta, p****”. É, e foi quarta, dia 08 de abril de 2009, um dos dias que ficarão na memória de qualquer palmeirense. O time estava pronto para qualquer coisa, segundo Belluzzo eles entraram em campo cantando o hino do Palmeiras. Tiveram a raça e determinação que desejávamos que tivessem sempre, mas agora não importa quando não tiveram, vamos pensar no que eles fizeram durante esse jogo. Meu pai disse que “podiam jogar até amanhã que eles não fariam gol”. E não fariam mesmo, isso porque a defesa estava perfeita, e o ataque confiante. Um gol de Diego Souza, outro de Maurício Ramos. Foi o suficiente para mostrar ao leãozinho da Ilha que o Palmeiras merece respeito. Só para ter o gostinho de lembrar, vejam o vídeo desse lindo gol, com direito à comemoração de tirar pra fora toda a raiva que estava entalada em cada um de nós.



11/04/2009 e 18/04/2009: No mesmo período, Campeonato Paulista. Palmeiras era favorito pela campanha na primeira fase. Semifinal contra o Santos, torcida empolgada três dias após aquele jogo contra o Sport. Porém, começava a decepção. O Palmeiras deixou o Santos ganhar de virada, 2x1 na Vila. No dia 18, novamente após jogo contra o Sport que dessa vez seria no Palestra, o segundo jogo das semifinais do Paulista em casa, e o Palmeiras precisava vencer. Não venceu, não convenceu, passou vergonha. Um jogo de doer, que acabou com uma briga de doer ainda mais – mesmo que essa briga provavelmente não tenha influenciado o resultado. Diego Souza e Domingos, não precisa dizer mais nada, não precisa de vídeo. Todo mundo se lembra da palhaçada que o técnico do Santos e seu zagueiro fizeram com Diego Souza que, mal interpretado e expulso pelo arbitro sem ter feito nada, mal entendido pelos colegas, revoltado, deu uma rasteira em Domingos. Sem querer tirar o peso de uma atitude impensada que não deve ser repetida, é preciso destacar que essa rasteira, na verdade, não foi nada perto do que significou a intenção do ato dos representantes Santos, Domingos e Mancini, e da péssima atuação do arbitro, contra ele, que representava o Palmeiras. Quem saiu ferido foi o Palmeiras, o esporte, todos nós. Um dia inesquecível, que gostaríamos muito de poder esquecer. Foi triste ver o Palmeiras covardemente eliminado, foi triste ver um jogador do Palmeiras praticando tal agressividade, foi mais triste ainda ver a tolerância com que se aceitou que um técnico colocasse um jogador do Santos para provocar e simular falta de um jogador do Palmeiras, em situação difícil, que acaba expulso por nada. Parecia um anúncio do que estava por vir...


29/04/2009: E o mês de abril de 2009, cheio de suas emoções, terminou da melhor forma possível. Jogo contra o Colo-Colo, no Chile, último jogo da primeira fase da Libertadores. O Palmeiras precisava vencer para se classificar, e deixar para trás a péssima atuação no começo do campeonato, que por pouco não conferiu uma desclassificação prematura. Durante o jogo parecia que nada daria certo. A bola não queria entrar. Fim de jogo, muitos já estavam desistindo, mas ele não. Cleiton Xavier, aos 42 minutos do segundo tempo, de fora da área, um gol inacreditável, inesquecível, de fazer gritar, chorar, pular... Não adianta querer descrever, veja novamente, é de arrepiar:



12/05/2009: Novamente 12 de maio, dia de São Marcos, exatamente 10 anos após consagrar-se o Santo palmeirense. Novamente na Libertadores. O inimigo era outro: Ao invés do eterno rival, dessa vez o Sport que nos havia menosprezado. Segundo jogo das oitavas de final, o Sport precisava vencer, e venceu por 1x0, mesmo resultado que o Palmeiras conseguiu em casa no dia 5. O resultado final sairia dos Pênaltis. E ele estava lá. Lembro-me de meu pai desesperado, ao lado de seu radinho. Eu via o jogo no computador. Foi em uma terça-feira, nós não temos TV a cabo. Ele quase desligou seu radinho e foi dormir, mas eu disse “esqueceu de quem temos no gol?”. Ele confiou, eu confiei. O rádio é mais rápido, então eu ouvia a narração do Silvério e vinha correndo para o computador, ver as imagens do que tinha apenas imaginado. E ele defendeu 1, 2, 3 pênaltis. No terceiro até meu pai veio correndo ver. Das coisas que jamais esquecerei na vida, está a imagem do meu pai comemorando cada defesa, inexplicável a sensação de vê-lo tão feliz. É, novamente ele, Marcos. Eliminou o Sport, defendeu pênaltis, classificou o Palmeiras. Pela forma como aconteceu, minha maior alegria relacionada ao Palmeiras em 2009.



28/05/2009 e 17/06/2009: Depois de uma campanha emocionante, em que passou de praticamente eliminado precoce a um dos favoritos ao título, depois de tanta superação, o Palmeiras é desclassificado da Libertadores de forma vergonhosa, para o péssimo Nacional. Dez anos após a conquista da América, o palmeirense esperava e sonhava com o título que não veio. Ver a apatia do time na reta final foi algo de doer, novamente o Palmeiras perdendo para si mesmo e não seria a última vez no ano. Foi uma grande dor, uma grande decepção. A cena de Marcos, vencido, sentado no gramado enquanto sofria a dor da eliminação é algo que gostaríamos muito de esquecer, e talvez nunca esqueçamos. Demorou para sair da cabeça, demorou para a dor parar de pesar.

domingo, 20 de dezembro de 2009

SOLIDARIEDADE EM TEMPOS SOMBRIOS

O campeonato acabou, não ganhamos o título, perdemos a vaga na Libertadores, mas esse post não é sobre nada disso. Deixemos a tristeza e a frustração de lado. Há coisas na vida que importam mais do que futebol.


Quanto vale o sorriso de uma criança? Ou melhor, quanto vale o sorriso de uma criança carente?


Cada um já deve ter presenciado alguma cena triste, seja na rua ou em qualquer outro lugar. Alguém chorando por estar com fome, alguém com um olhar opaco por não ter tido oportunidades na vida, alguém que espera ansiosamente por um sorriso, um afago, uma palavra carinhosa.


Mas, afinal, o que isso tem a ver conosco? O que isso nos importa?


As respostas são pessoais, cada um faz o que quiser de sua vida e não estou aqui para julgar ou implorar ajuda a ninguém. Só quero dar o meu testemunho. Apenas gostaria de compartilhar um momento inesquecível para mim e para outros 4 amigos palmeirenses e uma amiga atleticana.


No dia 21/11/2009, fui a um orfanato, em Ceilândia-DF, com os amigos Weslley, Érica, Luiz, Ygor – todos palmeirenses, e também com a atleticana Gigi, que nos ajudou muito.


Já tive contato com crianças carentes, mas não nessa intensidade. Eram mais de 30 residindo na instituição, variando de meses a 18 anos de idade. Quando chegamos, ficaram curiosos por estamos trajando o manto alviverde. Naquele dia, elas estavam com outras visitas, portanto, mais felizes que de costume. Mas sabemos que, normalmente, não é assim.


Havia pequeninos de todos os graus de “levadeza”. Mas algo em todos eles era semelhante: o olhar. Não digo que era sempre triste, não é verdade. Mas havia um misto de tristeza, carência, alegria contida, ternura...é difícil definir. E era isso que mais doía.


Imaginem crianças sendo tiradas das famílias por maus tratos, que não se limita apenas à violência doméstica. Não cuidar devidamente das crianças também é. Havia uma menininha, de sorriso tão doce, com uma barriga tão grande por causa dos vermes que ninguém acreditaria. Ela e os 5 irmãos foram tirados de sua mãe e agora vivem no orfanato. E isso não é nada fácil.


E no meio de 32 crianças, eis que encontramos um pequeno palmeirense, convicto de seus ideais alviverdes. E mesmo que haja apenas um, tenho certeza de que nenhum deles vai se esquecer daquelas pessoas de verde que foram visitá-los.


Porém, não vamos parar apenas com uma visita. Pretendemos estreitar os laços com eles, proporcionando momentos de alegria, ajudando-os no que for possível. Jamais nos esqueceremos desse momento único.


A despedida foi o que nos impressionou mais. Um garotinho se aproximou do Weslley e disse: “queria ir embora com você”. As meninas se aproximavam e perguntavam se iríamos voltar, quase implorando para ficarmos mais.


Iremos voltar sim. E sempre com a camisa do Verdão no peito. Sempre.


As fotos dessa visita se encontram no link a seguir. Vejam!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A DERROTA DOS INCOMPETENTES, IRRESPONSÁVEIS E EMOCIONALMENTE DESCONTROLADOS NÃO PODE MATAR O GRANDE CAMPEÃO.

Sei de muita coisa que não vi. E vós também. Não se pode dar uma prova da existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar. Acreditar chorando. Esta história acontece em estado de emergência e de calamidade pública. Trata-se de livro inacabado porque lhe falta a resposta. Resposta esta que espero que alguém no mundo me dê... (A Hora da Estrela – Clarice Lispector)


Quando homens, que “tem tudo na mão” para alcançar um objetivo, fracassam em sua própria ignorância, orgulho, prepotência, insensatez e falta de pulso para terminar o bom trabalho iniciado, não há como falar daqueles que atrapalharam com atitudes desonestas. Como vou falar de quem empurrou, sendo que possivelmente não seria necessário nada disso para a queda?

É claro que essa história está carregada de acontecimentos escusos, suspeitas, gente levando a melhor na mão grande explícita. Foi time cantando hino de outro time no vestiário do adversário, diretoria punindo os próprios jogadores em apenas uma partida, alegando possível recebimento de mala branca, emissora de TV cantando campeão quando certo time ainda nem estava próximo dos quatro primeiros, diversos erros escabrosos de arbitragem, “justiça” desportiva fazendo coisas pra lá de estranhas, enfim, deu no que deu. Mas como é que o Palmeiras vai reclamar? O que o Palmeiras fez para reagir quando começou a rolar precipício abaixo?

Devemos começar pelo que o Palmeiras fez quando tudo estava bem. O time poucas vezes foi realmente bom, essa é a verdade, mas teve um aproveitamento aceitável após a saída de Luxemburgo e (Quem?)rison. Jorginho conquistou a torcida e os jogadores, talvez fosse bom ter ficado já que explorava as características dos jogadores e em pouco tempo deu padrão de jogo para o time. Mas o Palmeiras queria algo grandioso e trouxe Muricy. Contratação comemorada, assim como a luta vitoriosa para segurar todo o elenco – a maioria dos “segurados”, nem imaginávamos, nos deixariam por contusões.

Mas o elenco não era de Muricy, era de uma mula que mal soube montar um time titular, que dirá um banco aceitável para o caso de jogadores importantes sofrerem lesões sérias. E assim foi: Muricy quis impor sua forma de jogo, que nada tem com as características dos jogadores disponíveis, além de precisar improvisar com péssimas opções. Fez o que já não ia muito bem piorar ainda mais, que o diga Diego Souza, que ficou devendo muito, mas também foi muito injustiçado. Para melhorar a situação, só foram contratados atacantes, e o time precisou foi de um meio de campo eficiente. O “craque do campeonato” e o “rei das assistências” mostraram que só conseguem bom resultado quando estão juntos, faltou alguém ali quando eles fraquejaram, faltou alguém ali quando eles faltaram, por um motivo ou outro. Um sozinho não conseguiu segurar o bom desempenho. E na maior parte das vezes a improvisação só soube piorar... A zaga? Mesma coisa. Os volantes? Ah, que falta o Pierre fez, que dor ver o Souza bancando o armador das ligações diretas, o Edmilson só errando passes e desarmes...

E o que falar da vinda de Vagner Love? Toda pompa, todo auê, todo o sacrifício, a festa, o dinheiro, para nada. Absolutamente nada. Ah não, o Palmeiras agora terá um time de futebol americano, enfim entendo aquele chute que era pra ser uma cobrança de pênalti contra o Flamengo. Não fez nada além de festa, foi pior que o desacreditado Obina, piorou ainda mais porque o time não ajudou muito também. Provavelmente perdeu logo o foco, já que veio para ganhar menos com o claro e único objetivo de ir para a Seleção Brasileira – nisso teve menos sucesso que os bons, mas instáveis, DS e CX. Fico imaginando que profissional aceita bem um colega que aparece, não para ajudar, mas para se promover, ganhando muito, não fazendo nada em troca e ainda recebendo todas as atenções e méritos, enquanto que os outros, responsáveis por levar o time ao topo mais alto, não receberam. Não que isso justifique alguma queda, mas desconforto sim.

E então, diante de tudo isso, de rumores de brigas, desentendimentos, rachas, desleixo, falta de responsabilidade e empenho por parte de muitos, falta de vergonha na cara por parte de tantos, desfalques letais, queda de rendimento dos principais jogadores, falta de reservas eficientes... O que a diretoria fez diante de tudo isso? O Palmeiras fez várias partidas de ruins para péssimas, mas não foi feito nada até o primeiro lugar no campeonato se perder de vez, até os jogadores começarem a falar besteira e se bater em público. Não se fez nada enquanto ainda havia a solução, e a desculpa é de que não se cobra de quem está em primeiro lugar. Errado, não se cobra de quem já não vai conseguir reação, não se cobra mais quando tudo está perdido mesmo, não se faz reunião apenas quando os jogadores resolvem vomitar tudo na imprensa, quando brigam em rede nacional. Não se faz retiro apenas quando os jogadores estão ameaçados de violência, porque preferem bagunça a responsabilidade, ou porque não souberam suportar a pressão. Isso não se faz por apenas um motivo: Para que perder tempo quando já não adianta mais? Para que perder energias, tempo e dinheiro depois que o prazo já passou? E ainda nem souberam fazer direito...

Embora não tenham trazido os resultados esperados, considero que as contratações de Muricy e Love foram empenhos de quem acreditou que isso traria algo melhor, ou talvez de quem quisesse ostentar poder quando sentiu a imagem ameaçada por uma estrelinha que foi embora de surpresa e um mercenário enfim demitido. É certo que a forma como vieram mostrou o amadorismo dos homens no comando. Certas informações são internas, não é apenas Marcos quem precisa saber disso.

Deu no que deu, não adianta falar muito, todo mundo sabe. Faltou que a diretoria terminasse o bom trabalho que começou, mas creio que acharam que já estava bom fazer pela metade. Faltou punho forte para cobrar no momento certo, e da forma correta. Faltou empenho, comprometimento de muitos. Assim como faltou coragem em outros. Sobrou boca aberta, sobrou falta de paciência para fazer as coisas da forma correta, sobrou individualismo, intolerância, arrogância... Todo mundo errou, talvez Pierre esteja isento. Mas não adianta crucificar o Diego Souza, o Cleiton Xavier, Obina, Maurício, sei lá quem mais... Esses erraram feio, mas todos erraram feio, inclusive o Marcos que teve papel fundamental no que aconteceu. E eu não vou fingir que não vi só porque ele é meu Ídolo. Ele errou, e foi ainda mais feio porque era para ser o exemplo, o capitão, mas não foi nada disso e jogou a toalha muito cedo, causou desentendimentos e desconfortos. Piorou o que já estava ruim, quando tinha o papel de ajudar a consertar as coisas enquanto havia tempo.

No começo do ano, com o profexô prometendo título brasileiro, não acreditei em nada, estava mesmo desiludida. Mas o Belluzzo, e a garra desse time, me fizeram acreditar. Porém, como já disse em outro momento ruim, garra não vence tudo, talento individual não vence tudo, é preciso mais. O que o Palmeiras conseguiu foi menos. Sobre o Belluzzo, bom, fez muita besteira, mas ainda é nossa melhor opção, sem nenhuma dúvida também fez muito bem. O problema é perceber que ele não é o “salvador da pátria”, só o Belluzzo não será suficiente para tirar o Palmeiras da poça de merda em que se encontra, até porque o Belluzzo também tem os pés um pouco sujos nessa mentalidade ridícula desse clube que não reconhece a necessidade de uma mudança na forma de agir, na forma de pensar, na forma de se organizar.

O tempo passa, os jogadores mudam, alguns diretores mudam, comissão técnica é outra, mas o Palmeiras continua na mesma merda há anos. Mais limpo, menos limpo, a sujeira é a mesma. Dizem que voltamos a ser competitivos, mas precisamos também vencer. E todo campeonato tem sido perdido da mesma forma nos últimos anos, não importando mudança de pessoas, elas não tem diferenciado muita coisa. O que evidencia um problema interno enraizado. Ignorar isso agora, e por a culpa só nos jogadores, falar de baladas, de brigas, de falta de empenho, é só tentar cobrir o sol com uma peneira. Há coisas piores, muito piores, acontecendo.

É nessas horas que percebemos: a expressão “muda Palmeiras!” ainda é necessária. O Palmeiras mudou, mas ainda não foi o suficiente. É preciso muito mais, e não apenas nos jogadores e comissão técnica. Quando as estruturas mudarem, os representantes também mudarão. É preciso fazer faxina, e faxina não é feita quando apenas limpamos as sujeiras mais evidentes. Porque assim não há limpeza real. É preciso arrastar as camas, os sofás, limpar dentro os armários, jogar muita coisa fora, conservar o que é bom, trazer o novo necessário. Só assim a casa estará limpa de verdade.

Citei “A hora da estrela” no início do texto. Naquela história, há uma moça vivendo de forma deprimente, mas acha que é feliz até que alguém a mostre uma perspectiva melhor, perspectiva essa que a faz perceber o quanto sua vida tem sido ruim. E nesse momento, na hora em que acredita em uma mudança revolucionária, essa moça morre, inesperadamente, atropelada, enquanto corre nas ruas sonhando com um futuro diferente de sua realidade. Ao pensar em Palmeiras sinto que fui atropelada, assim como Macabéa, bem no momento em que corria nas ruas na perspectiva de um futuro feliz.

Porém, o Palmeiras é muito mais que isso, o Palmeiras não é medíocre, não é deprimente, é muito maior que toda essa porcaria. E é preciso limpar toda essa mediocridade, toda essa sujeira, para que esses homens patéticos não matem o grande campeão. Não é possível que depois de tantas histórias de lutas, haja uma queda e sujeira sem fim. Não é possível que tudo o que foi feito pelos homens do passado seja perdido pelos sem noção do presente. E não adianta dizer que estou errada, que o Palmeiras é maior que isso e vai continuar grande. Acredito que vai continuar grande, mas se houver mudança enquanto ainda há tempo. Essa mentalidade de que não precisa mudar, porque o Palmeiras se salvará milagrosamente só pela sua grandeza do passado, é o que faz com que a verdadeira e necessária mudança não ocorra.

Há mais de cinqüenta anos, houve homens com coragem de mudar muita coisa para que o gigante não morresse, eles não esperaram um milagre vindo do céu. Esses homens reconheceram a necessidade de mudar até o nome, a identidade... E o fizeram porque tinham algo muito maior a manter, a preservar. Nós temos algo muito maior que essa mediocridade, essa soberba, essa disputa de poderes ridícula. E esse algo muito maior é o Palmeiras, que está morrendo aos poucos. Ainda há tempo, ainda há muita força, muita vida, muita vontade, muito amor. Não vamos deixar para depois.


O que escrevo (...) é minha obrigação (...). É  dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida. Porque há direito ao grito. Então eu grito. Grito puro e sem pedir esmola. (A Hora da Estrela – Clarice Lispector)

Grito sim. Grito para salvar-lhe a vida: MUDA PALMEIRAS, AINDA HÁ TEMPO!

domingo, 6 de dezembro de 2009

SALVEM NOSSO PALMEIRAS DESSA MERDA TODA

Não adianta eu dizer que estou com vergonha, porque não estou. Vergonha é pouco. Indignação? Pouco. Repulsa? Menos ainda. É tudo muito pequeno pra explicar o que eu estou sentindo. Tristeza também não, eles não merecem. Ninguém merece dali, absolutamente ninguém. A Sociedade Esportiva Palmeiras, por Deus, não merece isso! A direção mudou, não é mais arcaica e corrupta. É atrapalhada e amadora. A comissão técnica também mudou. O ultrapassado mercenário filho da puta deu lugar a uma mula teimosa e retranqueira. Os jogadores, esses sim, mudaram muito. No começo dos anos 2000 nos acostumamos a ver um time de jogadores medíocres. Desde 2006 vemos um time de jogadores vagabundos. A torcida, que deveria mudar, não mudou. Continua apaixonada e sofrendo por quem não merece. Sofremos sem recompensa.

O jogo de hoje, esqueça. Pouco me importa. Essa partida foi como chutar cachorro morto. O nosso futebol dá nojo não é de hoje. Aliás, nosso não, esse aí não é o nosso Palmeiras. Esse aí não merece ser chamado de Palmeiras. Essa camisa é pesada demais pra sustentar uma merda dessas. Uns merdas desses. De cabeça quente ou não, a verdade é que dá vontade de mandar todos embora. Rua para todos esses escrotos. Embora saibamos que não é assim, que não pode ser assim. Só que o torcedor tem direito de sonhar. O torcedor tem direito de querer acordar desse pesadelo.

Parabéns a quem torceu, como eu, para uma equipe medíocre e perdedora. Você torcedor, e falo de torcedor de verdade, não de marginal, você é o único inocente. Você é o único que merece o Palmeiras, a instituição, não o time. Não valeu a pena. Não é o Muricy o culpado. É o Muricy, o Luxemburgo (mais que o Muricy), o Caio Junior... Todos eles, uns famosos, outros não, todos incompetentes. Todos os mais de 100 jogadores que vestiram nossa camisa nesses últimos anos. Todos os diretores, os honestos e desonestos, todos têm culpa. Não é agora que nossa derrocada se acentua. O buraco é mais embaixo. O nosso poço é bem mais fundo. Há coisas no Palmeiras inexplicáveis. Você que é pai ou mãe, explique para o seu filho que o Palmeiras já foi grande. Explique que, apesar de tudo, continuará sendo grande. E tente, se conseguir, explicar que tem gente querendo destruir essa imensidão, o porquê não se sabe.

Tudo importa para essa gente, menos o Palmeiras. E tudo isso não importa para nós, só nos interessa o Palmeiras. E é por isso que eu posso ficar tentando manter a calma e a educação até amanhã, mas não conseguirei. Peço sua licença agora para mandar o único recado possível para os jogadores, comissão técnica e diretores:

VÃO TOMAR NO CU, SEUS FILHOS DA PUTA!

Salvem o meu Palmeiras, o nosso Palmeiras, pelo amor de Deus! Quem quer que seja, nos ajude. Chega, eu não aguento mais! Em 2010, se quisermos um recomeço, teremos que ter um final digno. Em campo não teve. Fora dele terá que ter. Uma faxina, com água sanitária e tudo o que tiver direito, limpar essa imensa poça de merda ali dentro. Tudo o que é imundo e indigno do Palmeiras, que aqueles poucos que amam de verdade esse time façam algo para acabar com isso. Que marginais sejam presos. E chega desse ego enorme, dessa necessidade incontrolável de aparecer e falar mais do que deve. A culpa é de todos. Uns mais, uns menos, mas todos. E quem sofre somos nós. De novo e sempre.

Créditos da foto: Uol Esportes.

sábado, 5 de dezembro de 2009

FUTEBOL NÃO É GUERRA

Há uma semana postei um texto sobre a relação entre a linguagem do futebol e a guerra, a partir de metáforas utilizadas em narrações, reportagens, discurso de jogadores, técnicos e torcedores. Naquela ocasião, pretendia justificar a frase de Belluzzo “vamos matar os bambis”, não concordando nem discordando com sua declaração, que vejo como algo normal do futebol, embora eu não tenha gostado da forma e lugar do ocorrido, enfim...


O teor daquele texto me fez pensar em escrever algo sobre um assunto relacionado, assunto que curiosamente rendeu notícias e mais notícias durante a semana. Pensando na forma como a imprensa esportiva sensacionalista fez questão de abordar o “vamos matar os bambis”, forma tendenciosa de divulgação que provavelmente deu margem para o aumento do potencial violento dessa grande massa acéfala que existe entre torcedores de futebol, refletia sobre como é triste ver que o futebol e a guerra não estão relacionados apenas em questões de linguagem. Muitas vezes, no Brasil e no mundo, o futebol tem sido um esporte guerra.


Recentemente tivemos várias brigas dentro de campo, entre jogadores do mesmo time, como ocorreu com o Palmeiras e Bambis no último mês, o que não acho tão absurdo quanto brigas entre diferentes equipes – porque entre jogadores da mesma equipe, geralmente, é desentendimento e confusão apenas, embora a agressão seja algo feio, já entre diferentes equipes geralmente a briga é causada pela intolerância à derrota. Aliás, o grande problema do esporte: intolerância à derrota.


Torcidas costumam brigar também, é algo tão comum que nem precisa citar. Geralmente as organizadas, até mesmo do mesmo time, são as causadoras dos piores problemas, ficando até difícil reclamar quando são chamadas de “facções”. Mas também brigam com torcedores rivais, num show de intolerância. Para algo mais recente, basta lembrar-se do torcedor gambá morto nesse ano em São Paulo, durante a Copa do Brasil.


Outro problema é o tipo de cobrança que se faz aos jogadores. Não é incomum ver notícias, no Brasil e no mundo, de jogadores que foram encontrados em festas – mesmo que sejam reservas e talvez nem relacionados para jogos, que são agredidos por torcedores. Ou aquela velha história de sempre: torcedor que encontra jogador que está em má fase e aproveita para agredi-lo/ameaçá-lo. Eu gostaria de saber se esse povo realmente acha que tal atitude levará a alguma coisa.


Essas coisas, infelizmente, são cotidianas no futebol. Não adianta dizer que o evento “membros da mancha x Vagner Love” é algo isolado durante a temporada. Seria bobagem tamanha que nem preciso citar outros exemplos, só não vê quem não quer. E, embora seja a minoria que resolva “partir para a agressão”, ainda assim é algo preocupante, revoltante, lamentável. Violência, em qualquer lugar, não leva a nada e só degrada as coisas. E o esporte, bom, o esporte não deveria ter violência jamais. Há quem acredite que o esporte pode ser pacificador, mas não é o que tenho visto, gostaria de dizer o contrário.


Isso não vai mudar enquanto as pessoas não aceitarem que - embora elas tenham todo o direito de se importar tanto quanto queiram -, o futebol não deve ser assunto de vida ou morte, nem estar no pedestal das coisas mais importantes. E não vai mudar porque a violência é algo que apenas tenta-se camuflar, mas se estende a todas as facetas da vida, inclusive ao lazer, ao esporte, ao que deveria ser de alguma forma diversão e entretenimento para aquele que assiste, por mais que exista o lado da paixão. Além disso, há também a já citada questão da intolerância à derrota. É claro que no esporte o objetivo é a vitória e, geralmente, qualquer coisa diferente leva à decepção, ao desgosto de todos os participantes, inclusive espectadores. Porém, a vitória ou derrota também não deveriam ser assuntos de vida ou morte.


Aqui, percebo algo que considero fundamental: as pessoas precisam aprender a por o futebol em seu devido lugar, precisam aprender a apaixonar-se por coisas e pessoas sem para isso precisar consumir a própria vida – e as vidas dos outros, precisam aprender a conviver com as perdas, que é algo comum na vida, principalmente quando existe disputa envolvida. As coisas podem, e muitas vezes vão decepcionar e causar contragosto, porém, é preciso ter controle para que a decepção não se torne violência. Não há decepção, frustração, raiva, tristeza ou qualquer sentimento ruim no mundo que justifique atitudes de violência. Não há motivos para que o futebol seja essa guerra que vemos hoje, nada na vida deve ser assim, muito menos o esporte. Há pessoas que deveriam preocupar-se mais com outras coisas, a vida possui tantas coisas importantes para também se importar...


Sem julgar os membros dessa organizada representada pelos agressores de Love, gostaria de dizer que embora exista uma paixão alviverde pulsando dentro de nós, nos fazendo desejar sempre vitória e sentir as derrotas como grandes decepções, isso não justifica a violência, isso não justifica certas cobranças, certas agressões físicas e verbais. Isso não justifica colocar a vida a perder, colocar outras coisas importantes de lado. Não sei se o problema está na forma como se dá valor o futebol, ou na forma como se trata a questão da violência, mas sei que algo precisa mudar. É uma vergonha, para qualquer torcedor de futebol, ver a imagem daqueles garotos patéticos, presos por tamanha besteira e falta de algo melhor para fazer.