sábado, 25 de abril de 2009

QUANDO O FUTEBOL VIRA CONFUSÃO...

Briga em jogo de futebol sempre é assunto que “dá pano pra manga”. Se isso acontece, não importa muito se o jogo foi decisivo e qual seu resultado, se teve goleada, pênalti, belíssimas jogadas, gols incríveis... A briga sempre aparece mais, sempre tem destaque na notícia, sempre se torna o assunto de discussão na TV, no rádio, na internet e entre nós, apaixonados por futebol.

Apesar de não ser algo tão freqüente assim, brigas em campo não são nada incomuns. E os jogadores envolvidos sempre são vistos como pessoas de “mau caráter” por uns, “impensantes” por outros. Por outro lado, dependendo da briga, alguns até tornam-se ídolos de muitos, “o cara raçudo” que ganha apelidos e não é esquecido tão cedo.

O ânimo alterado em dia de decisão ou clássico colabora, mas nem sempre é apenas isso. Ofensas, histórias antigas mal resolvidas, provocações de um lado, resposta agressiva de outro...

Há sempre quem diga que jogador que está perdendo às vezes acha que pode buscar vitória na “porrada” (o que também nem sempre é o caso. Jogadores que estão vencendo também brigam). Outros dizem que é porque “o cara não é pessoa de respeito”. Honra a camisa também é expressão que surge dependendo da briga. E, às vezes, dizem até que o jogador brigou pra ganhar respeito com a torcida... O que não podemos negar é que na hora da raiva pessoa nenhuma raciocina direito, e os jogadores acabam esquecendo-se de que a “porrada” não vai resolver nada. Alias, pode causar grandes problemas futuros.

E o torcedor? Dependendo dos motivos da briga o ele acaba gostando mesmo. Torcedor bravo que vê o time ser provocado... Bom, ele pode até ser contra a violência, pessoa da paz, e discordar do ocorrido. Mas muitos, na hora da briga, sentem o jogador fazendo aquilo que ELES gostariam de fazer. E mesmo que seja feio, temos que assumir: às vezes nos identificamos sim.

Eu procuro pensar que bate-boca é normal, acontece. Afinal, todo mundo perde a paciência às vezes. TODO ser humano (mesmo que uns mais e outros menos) já sentiu, sente, ou vai sentir vontade de praticar violência em certas situações. Porém, embora a raiva não seja “tão controlável assim”, violência pode (e deve) ser controlada. Todas as pessoas deveriam estar preparadas para, em momentos de raiva, saber controlar a tentação de bater, mas sabemos que não é o que acontece.

Hoje vamos falar sobre brigas que ocorreram em campo durante jogos do Palmeiras. É, porque, querendo ou não, elas fazem parte na história palmeirense... Afinal, não é apenas de alegrias, vitórias, coisas grandiosas e bonitas que se faz a história.

A primeira briga da qual encontrei notícia ocorreu no Campeonato Paulista de 1920. Segundo Orlando Duarte em “Palmeiras – O Alviverde Imponente”, o Palestra Itália, que levou a taça, perdeu apenas 2 jogos no campeonato, sendo uma das derrotas para o Corinthians (Palestra 1x2 Corinthians), no segundo turno. Nesse jogo, segundo o autor, houve confusão entre os dois times que já estavam tornando-se rivais:

“Quando o alvinegro ganhava por 2 a 0 (...), o goleiro Primo, do Palestra, trombou com o atacante corintiano Neco. Este reagiu a pontapés, e a confusão exigiu a presença da polícia em campo. O juiz não expulsou Neco. Imparato ainda descontou para o Palestra, mas não evitou a derrota. Depois do jogo, para coroar o triste episódio, houve depredação no Parque Antártica” (DUARTE, 2008).

E quem não se lembra da briga entre Palmeiras e Corinthians na final do paulista de 99? Faltando 20 minutos para o Corinthians, que estava ganhando e com vantagem do jogo anterior, levar o caneco, Edílson resolve fazer graça e olha no que deu:

Paulo Nunes não aceita, o Palmeiras parte pra briga e a coisa fica tão feia que o jogo acaba por isso mesmo. Quem se deu mal foi o goleiro gambá que levou uma voadora de São Marcos, um soco na cara, de Oséas, apanhou de Roque Junior e sabe-se lá mais de quem. Acabou se jogando nas escadas do vestiário.

Outros momentos que o torcedor não esquece são:

1- Quartas de final da libertadores de 95, Gremio 5 x 0 Palmeiras, Dinho (do Grêmio) agride Válber (do Palmeiras) e a bagunça foi armada:

2- O vergonhoso Palmeiras 2x6 Fluminense em 2001, que ainda contou com a briga começada por Fernando Diniz, do Fluminense, e o nosso Galeano:

Além disso, tem as brigas mais recentes, como a com Cerro Porteño na libertadores de 2006. Antes do início do segundo tempo houve confusão e troca de agressões entre os jogadores no gramado do Palestra:

E mais briga com o Argentino Juniors em outubro de 2008, em jogo da Copa Sulamericana. Aquele jogo que não nos esquecemos. Juiz deu pênalti, Diego Souza cobrou e juiz mandou voltar por conta de uma paradinha. Diego não fez o gol na segunda tentativa. Pra melhorar as coisas, o Argentino Juniors venceu e Escudero, autor do gol deles, subiu no trator atrás do gol de Marcos para comemorar o gol. Evandro também se meteu em confusão e foi expulso... Ai não teve jeito. Mais briga:

Quem sempre se destacou por envolvimento em brigas é nosso antigo camisa 7, Edmundo, apelidado de “Animal”. Porém, poucos sabem que essa alcunha foi dada por um motivo completamente diferente do que se imagina. O antigo narrador da TV Manchete, Osmar Santos, costumava chamar de animal o melhor jogador de cada partida. E como Edmundo sempre se destacava nos jogos, começou a chamá-lo de “Edmundo, o animal”.

Apesar de ter sido um jogador muito importante para o clube, seu temperamento agressivo e impulsivo o fez perder a cabeça em muitas ocasiões, resultando em expulsões, suspensões e conflitos com outros jogadores e com a comissão técnica. Podemos nos lembrar de muitos lances polêmicos do “Animal”, como aquele carrinho violento num jogador gambá pelo Paulista de 93 (o juiz não marcou nada), pela Copa do Brasil do mesmo ano, ele mete a mão no rosto do juiz após sua expulsão. E também há a briga contra o São Paulo, em 94, começada por ele e que acabou em uma “festa de cartões” vermelhos, 3 para cada lado.

Há uma semana tivemos mais um lamentável episódio do futebol. Sábado, 18 de abril de 2009, Palmeiras e Santos disputavam a vaga para a final do Campeonato Paulista. O Palmeiras, primeiro colocado na primeira fase do campeonato, havia perdido no primeiro jogo na vila por 1x0. Tinha vantagem e poderia classificar-se às finais com vitória de 1 gol de diferença.

O santos vencia por 2x1, e lá pelos 35 do segundo tempo, alguns minutos após o gol do Palmeiras, Mancini, o técnico do Santos, discute com o camisa 7 palmeirense na beira do campo. É quando aparece Domingos, que entra em campo e vai direto dizer algo misterioso no ouvido de Diego que se mostra assustado. Há uma breve discussão e Sálvio Spinola, o juizão do jogo, expulsa os dois. Diego Souza, que não tinha feito nada, fica desesperado (e com razão). Dá um pequeno empurrão em Domingos, que fazia sinal de ‘afirmação’ para seu técnico (conseguiram tirar Diego do jogo). Domingos se joga e jogadores de ambas as equipes tentam conter Diego Souza, que se mostra cada vez mais inconformado. Não há briga entre outros jogadores, a maior parte deles, inclusive reservas, busca segurar Diego. Este, quando está quase chegando às escadas do vestiário do Palestra, empurrado por Marcão do Palmeiras, volta até Domingos, que está de costas, e manda uma rasteira. Só então desce as escadas e o jogo continua. Bom, as imagens falam por si e está mais que óbvio que a coisa toda foi armada por Mancini, que o Sálvio “fez merda”, e que Diego não soube controlar a frustração pelas rasteiras que estes lhe passaram.

E agora segue a “novela”. Diego chama Domingos de covarde. Domingos diz que não provocou, não é covarde, mas que se Diego quiser resolver o assunto é só marcar hora e lugar. O arbitro, que já havia expulso Diego sem motivo algum em jogo contra o São Paulo no Brasileiro de 2008, elabora uma súmula que inclui “troca de cabeçadas” e mais algumas coisas que só podem ter saído de uma imaginação fértil. A partir dessa súmula, Diego Souza poderia ficar até 1260 dias longe dos gramados. Com denúncia retirada, modificada e data de julgamento adiada, o nosso camisa 7 agora pode pegar uma pena de até 540 dias. Domingos? No máximo 10 jogos... Especulações pra lá e pra cá, comparações com o gancho de Morais do Corinthians que, por briga no brasileiro do ano passado, pegou mais de 120 dias de suspensão e acabou não pagando nem metade... Tudo isso rola, bem como as críticas, reprovações, aprovações, enfim... Todo mundo querendo dar pitaco. E tem até gente dizendo que por isso Diego tornou-se ídolo. O jogador tem sido até comparado à Edmundo devido a sua atual posição de um dos jogadores que mais se destacam no elenco atual, sendo decisivo e, SIM, também por se envolver em encrencas. Segundo fontes, até os jogadores do Palmeiras gostaram do canto da torcida no jogo contra a LDU nesta quarta feira, e ontem embalaram em treino o coro “au, au, au, Diego Souza é animal”.

Se Diego tornou-se ídolo por esse evento, ou não, eu prefiro dizer que nem uma coisa e nem outra. Diego tem tornado-se ídolo nos últimos jogos, nos quais tem sido jogador decisivo. A briga de sábado só fez com que o torcedor se identificasse (lembra do que eu disse no começo?) e o destacasse ainda mais. Diego tem bom futebol, tem raça, tem personalidade, sabe chamar o time pro jogo, tem vontade e tem feito muito bem ao Palmeiras. Tornar-se-ia jogador memorável na história do clube mesmo que a briga de sábado não houvesse acontecido.

Não sei quantos dias nosso camisa 7 ficará sem jogar por conta de um acontecimento que poderia ser evitado se não fosse um técnico e um zagueiro que ultrapassaram os limites da “malandragem”, um árbitro que não sabe trabalhar direito e um jogador indevidamente desfavorecido que devidamente se revolta, mas se altera demais...

Em todo caso, ainda me pergunto quem realmente será punido por mau comportamento: Diego que ficará sem jogar devido à sua atitude de violência física, ou o futebol que ficará sem Diego devido ao que, sabiamente, um dos nossos parmeristas chamou de “anti futebol”. Só sei que não foi apenas Domingos quem levou rasteira no sábado. Foi Diego, foi o Palmeiras, foi o futebol, fomos todos nós torcedores.

Pra terminar, sem brigas e da forma que deve ser, declaro que quero mesmo é ver Diego assim:





Créditos da imagem: uol esportes.
Agradeço a colaboração de: Mayara e Vanessa. ҉ Rαmoη Cαmillo, RΛNЇ€R€ e outros membros da comunidade do Palmeiras no orkut. Marcos Simonetti, Custódio Dias, Reinaldo Frade Jr. e Ana Maria Carpini da Pró Palmeiras.

3 comentários:

  1. Belo trabalho de pesquisa. Parabéns!

    Violência gera violência, claro! Porém, em alguns casos, provocação gera violência.

    É logico que prefiro os gols de Diego.

    "Construir para poder conquistar! Acreditar sempre!"

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  2. Excelente trabalho!
    Muito bom o texto!
    Orgulho puro de vcs!!!!!

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  3. Otima materia
    Parabéns

    e vamo Palmeiras que a grande quarta dia 29 ta chegando !

    Tomara que ganhamos e sem brigas :)

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