segunda-feira, 26 de julho de 2010

COM CINCO DESFALQUES E UMA EXPULSÃO, PALMEIRAS SEGURA EMPATE NO CASTELÃO

Qualquer um pode dizer que o Ceará não é um bicho papão, o que é verdade. Mas temos que nos render à realidade e notar que a atual equipe do “vozão” tem feito um Campeonato Brasileiro de dar inveja. O atual terceiro colocado faz boa campanha e permanece na ponta da tabela desde o começo do campeonato. No total foram 5 vitórias, 5 empates e apenas 1 derrota. Ainda não perdeu em casa. Não tem um elenco de estrelas ou repleto de grandes revelações, mas possui bons jogadores e é um time bem ajeitadinho, com defesa sólida, ataque rápido.

Palmeiras, entre os maiores do Brasil, nunca perdeu para o Ceará. E apesar do time atual ser limitado, poderia sim ir até o Castelão e vencer o time cearense. Mas também não é um absurdo ter empatado. Então, se você é um dos inúmeros que vi hoje reclamar como se empate ou derrota não tivesse acontecido com todos os times que foram até lá, aceite essa realidade assim como o fato de que nosso time está em reformulação e precisamos de paciência para ver resultados bons. Conhecemos o Felipão e sabemos que o trabalho dele é certeiro, demora, mas não costuma falhar. Conhecemos o nosso elenco e sabemos que é limitado e carente de opções.

Além disso, o Palmeiras estava desfalcado. Sem Marcos, Danilo, Edinho, Marcos Assunção e Pierre. Dessa forma, Felipão tinha apenas duas opções coerentes: 1- jogar com três zagueiros, 2- colocar um menino vindo da base para jogar no meio. Optou por Patrik, que não foi brilhante, mas fez uma boa partida. Ruim mesmo foi optar por Armero na lateral esquerda.

O jogo começou com o Vozão atacando e o Palmeiras buscando marcar bem para segurar o ataque cearense. Sem o atacante Washington, que não jogou porque pertence ao Palmeiras, e contando com uma defesa palmeirense bem acordada, o Ceará não levou grandes perigos – tanto que Deola só precisou “sujar a roupa” em duas ocasiões no primeiro tempo. Já o Palmeiras começou a gostar mais do jogo lá pelos vinte e tantos minutos, quando passou a atacar com mais afinco. Aos 29 minutos tivemos nossa melhor chance, em jogada entre Lincoln e Ewerthon que deixou Kléber na área em ótima condição, mas o Gladiador desperdiçou.

No segundo tempo o Palmeiras voltou melhor, defendendo bem e buscando jogadas ofensivas. Mas além de “faltar algo” no nosso ataque, o Ceará estava bem atento na defesa e também não contamos com a sorte. Aos seis minutos Kléber acertou bom chute, mas a bola foi parar no travessão. Tivemos algumas outras chances, mas o “gol mais perdido” do jogo aconteceu lá pelos 40 minutos, com Lincoln. O Ceará, que também dava pouco trabalho a Deola, passou a arriscar mais após a expulsão (é, outra vez) de Léo aos 32 da segunda etapa. Com um a menos, o Palmeiras até tentou, manteve a calma, mas não foi possível. No finalzinho houve pressão do Ceará, mas Deola estava em um bom dia e fez grandes defesas.

Não foi um jogo ruim. No primeiro tempo ainda houve bastantes passes errados, principalmente palmeirenses, mas na segunda etapa houve qualidade e poucos erros dos dois lados. Faltou o gol, faltou ousadia, faltou maior poder ofensivo para as duas equipes.

Apesar do resultado não agradar, temos que analisar a situação pesando todos os “apesares”. O principal está relacionado à limitação do nosso elenco... É visível a melhora do time sem as tranqueiras da Traffic e invenções de Luxa, com Kléber, com Felipão, que em pouco tempo já mostra alguns resultados. Foi bom ver que apesar dos desfalques o time conseguiu se portar bem – aliás, pelo visto Tinga foi uma contratação bem acertada. Mas ainda faltam nomes de qualidade, faltam opções, falta o tempo que Felipão precisa para deixar o time competitivo. Estamos melhorando, e se vierem os reforços necessários podemos começar a sonhar com coisas melhores. Mas quando falamos que precisamos de paciência, devemos colocar isso na prática.

O Palmeiras cometeu vários erros e agora tem um time em reformulação, espero que a diretoria continue mostrando que dessa vez não é só promessa. Mas o time não é para amanhã, é para daqui algum tempo. Esse é o preço que se paga pela forma ridícula como foi começado o ano palmeirense. Mas não adianta cair na pilha da imprensa, é evidente que o Palmeiras tem um time em reformulação e mesmo assim está melhor que certo semifinalista da Libertadores que beira a zona de rebaixamento. Engraçado que dois “grandes favoritos” têm feito campanhas ridículas, bem piores que a nossa, depois da parada para a Copa, mas parece que para muitos os problemas só estão no Palmeiras – ou talvez a intenção seja fazer que as pessoas pensem assim...

Créditos da imagem: uol

sexta-feira, 23 de julho de 2010

COM JOGO NA MÃO, PALMEIRAS DEIXA ESCAPAR A VITÓRIA NO PACAEMBU

Felipão chegou e melhorou o time, isso é fato. Em comparação com o que o Palmeiras vinha jogando antes da parada pra Copa e com o que apresentou nos últimos três jogos, já foi um avanço. Isso se chama técnico. Mas mesmo assim não conseguiu ganhar os dois últimos, sendo que nos dois teve possibilidade clara de vitória. Isso se chama time... Time ruim. Hoje fez um primeiro tempo fraco e voltou com tudo no segundo. Começou jogando bem e fez dois gols, poderia até ter feito o terceiro. E eis que a incompetência agregada à falta de qualidade levou o Botafogo, que é muito ruim, ao empate. O Palmeiras precisa de camisa 9? Sim, urgentemente. Assim como precisa de um 10 pra ontem, de preferência um que seja cabeludo e chileno. E precisa de um 3, de um 4, de um 5, de um 6, de um 7... Perdeu a conta?

Noite de estréia no Pacaembu. De quem? Ora, do novo uniforme! Com menção as 5 coroas, período em que o time conquistou a Copa Rio. A única coisa que estraga o novo manto é aquele Unimed horroroso. Não tem como fazer algo mais bem feito, não, ô departamento de marketing? Melhor do que colocar um “adesivo” azul com certeza é possível. Em campo nada novo. Botafogo e Palmeiras fizeram uma primeira etapa sofrível. Praticamente sem finalizações, sem boas jogadas, sem grandes defesas, sem organização, sem bosta nenhuma. Armero, que foi e não foi, começou na equipe titular. E se Gabriel não estava lá muito bem, o colombiano não fez diferente, aliás, fez pior. Continua fraco como sempre foi. E Vítor, que fez ótimas temporadas pelo Goiás e era quisto por várias equipes, vem jogando uma bolinha murcha também, principalmente nessa partida. Espero não ter que incluir “um camisa 2” na minha lista mais adiante, já que, por enquanto, ainda confio no lateral. O melhor nos primeiros 45 minutos foi Lincoln, chamando jogo, armando e chegando bem na frente. Tanto que quase marcou.

Depois do primeiro tempo de dar sono, as duas equipes voltaram sem alterações do intervalo. Sem contar o uniforme. O Verdão voltou verde-limão dos vestiários. A camisa deu sorte? Não, prefiro acreditar que o técnico mudou a postura da equipe, que já no início da segunda etapa abriu o placar. Marcos Assunção fez o que um ex-camisa 10 vagabundo não conseguiu em 1 ano e meio de clube: um gol de falta. E que bela cobrança, diga-se de passagem. A vantagem jogou a vitória no colo do Palmeiras, que tinha o contra-ataque a seu dispor. E aproveitou. Lincoln lançou muito bem Ewerthon e o cabeça de maçaneta rolou para dentro da área, na medida, para Kléber. O Gladiador cortou a marcação e bateu no canto fazendo um bonito gol. Pense comigo: 2 x 0, jogando em casa, com o contra-ataque como arma e com um adversário fraco, as chances de conquistar os 3 pontos são quase de 98%, não é? Pois é, mas o Palmeiras contraria os números.

Recuou, deu espaços, dormiu e falhou na marcação. A zaga deixou Jobson e depois Antônio Carlos, cabecearem sozinhos, com espaço de sobra. Além da falha de marcação já comentada, que permitiu os cruzamentos. O jogo estava na mão e o Palmeiras mais uma vez entregou o resultado. E não conseguiu nem reagir, pois falta time pra isso. No final da partida, já chegando aos acréscimos, Palmeiras e Botafogo iniciaram uma “putaria”. Começou com Jobson, aquele mesmo que pegou 2 anos de suspensão por uso de cocaína e acabou voltando 6 meses depois. O atacante passou o pé por cima da bola, fez graça pra segurar o jogo e Edinho não gostou. O camisa 3 quis dar uma de macho, iniciou uma discussão que acabou com a expulsão do botafoguense e de Marcos Assunção, mais um desfalque para domingo. Pierre, que além de não vir jogando bem há algum tempo, leva cartão todo jogo e já está suspenso novamente. Edinho “valente” é outro que não jogará pelo terceiro cartão. E assim terminou a pelada no Pacaembu.

Não adianta torcer por um milagre de Felipão, porque ele é excelente, sensacional, mas não é Deus. Não há como fazer um bom time com as peças que ele tem hoje. A diretoria fala em contratar e no momento se concentra na negociação com Valdivia, que, torçamos, poderá ser anunciado nas próximas 72h. Mas precisa agilizar. Não resolve só meia e atacante, porque a defesa está horrível, ainda mais sem Danilo. E não adianta trazer jogador por trazer, como é o caso desse péssimo Tadeu. Jogador que for contratado agora tem que chegar pra ser titular e dar conta do recado. Que a parceira de merda do Palmeiras também traga alguma coisa, e que não seja porcaria como nas últimas vezes. Ou então que saia de uma vez, não fará falta. Enquanto não tiver jogador, não adianta ficar de cara feia. Esse time, hoje, joga o que pode jogar.

Créditos da foto: Uol.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

PALMEIRAS E SEU ELENCO PROFISSIONAL

Por Mayara Cardoso

Hoje tive a curiosidade de olhar a formação atual do elenco profissional do Palmeiras e fiquei um pouco assustada, apesar de já ter conhecimento sobre isso.

Acessando a página, pude verificar que temos:

6 goleiros: Marcos, Deola, Bruno, Fábio, Carlos e Raphael Alemão.
4 laterais: Vítor, Eduardo, Gabriel Silva e Armero.
5 zagueiros: Danilo, Léo, Maurício Ramos, Mayko e Leandro Amaro.
5 volantes: Edinho, Márcio Araújo, Marcos Assunção, Pierre e Tinga.
1 meia: Lincoln.
6 atacantes: Ewerthon, Kléber, Tadeu, Vinícius, Patrik e Lenny.

Sei que não deveria ter ficado assustada com o número de meias que temos, mas apenas reafirma a necessidade com relação à contratação de Valdivia. Aliás, precisamos de, pelo menos, mais um meia para resguardar os dois titulares. Suponho que Felipão deva ter pensado nisso ao subir o Gilsinho. Acredito que, agora, ele aprenderá a jogar para a equipe e será de grande valia para o time. Além dele, Bruno Turco, volante, também subiu do Palmeiras B, além do lateral direito Fabrício, do juvenil. Mas um time da grandeza do Palmeiras não pode ter uma deficiência desse tipo e precisa sempre buscar o melhor.

Agora vamos verificar as outras posições. Temos guardiões de sobra no gol, correto? É...em termos numéricos, sim, embora ainda não tenha entendido qual a razão de termos 6 goleiros treinando no profissional. O que os reservas precisam ainda demonstrar é que conseguem chegar próximos ao nível do Marcos (pelo menos perto, não vamos exagerar). Talvez precisem de mais confiança e espero que seja apenas isso mesmo.

Lembro-me que, há pouco tempo, houve uma crítica muito grande porque diziam que o Palmeiras só contratava zagueiros. Frases como “mais um?” eram ditas por aí. Mas hoje estamos numa situação bastante complicada nesse setor, devido à suspensão de Danilo pelo STJD, a do Léo por expulsão no último jogo e contusões de outros atletas. Maurício Ramos, após recuperação, será titular de qualquer jeito, ao lado de Edinho. Leandro Amaro voltou de contusão, mas nunca o vi jogar. Mayko é mais um garoto que subiu da base. Agora, precisamos torcer pra ninguém se machucar!

Nossos laterais sempre foram duramente criticados, não sem razão. Porém, no momento, temos um dos melhores laterais direitos do país. Só acho que ele precisa de mais liberdade, algo que Márcio Araújo não está proporcionando. Tirando isso, vem melhorando a cada partida. Vítor não é promessa, ao contrário de Gabriel Silva, que ainda busca se firmar na equipe titular. Sinceramente, prefiro nossa promessa da base ao Armero. O menino de 19 anos tem feito bons jogos, ao contrário de antes da parada da Copa, e pode ser que deixe o colombiano no banco. Tomara! Ah, quase me esqueci de falar do Eduardo. Pensando bem, já esqueci novamente. Não vale a pena.

Com relação aos volantes, acredito que nunca nos sentiremos satisfeitos. Se jogamos com 3 volantes, achamos exagero. Se jogamos com 2, achamos que poderia ter mais um para proteger a zaga. Enfim, é uma questão complicada. O fato é que, por mais que goste do Pierre, ele ainda não parece bem. Não sei se é a parte física ou a emocional, mas, ultimamente, tem feito faltas desnecessárias, perigosas e fortes demais. É indiscutível a força que ele dá à equipe, sua fama de guerreiro não foi apagada, no entanto, temo que esse desequilíbrio prejudique a equipe. Edinho, como volante, tem jogado muito bem, nunca achei que fosse gostar dele na equipe. Mas devido à carência na zaga, ele atuará naquele setor. Márcio Araújo tem uma qualidade de passe muito boa, quando ligado na partida, e apóia o ataque pela direita de forma muito eficiente, apesar de “atrapalhar” o Vítor, às vezes. Marcos Assunção é o melhor cobrador de faltas da equipe, mas é um pouco lento. O jovem Tinga ainda precisa mostrar serviço, mas parece que não será reserva por muito tempo. Enfim, Felipão pode “brincar à vontade”, de acordo com a necessidade.

O nosso outro ponto fraco é o ataque. No site diz que temos 6 atacante, mas Lenny é café com leite. Kléber e Ewerthon têm atuado como titulares, mas merecemos algo melhor que o “cabeça de maçaneta”. Precisamos urgentemente de um camisa 9 de verdade. Tudo bem que com um meio de campo decente, até o perneta do Alex Mineiro foi artilheiro, mas já está na hora de termos alguém com qualidade vestindo o manto do Evair. Quando vejo Tadeu em campo, me dou conta de como sinto saudade do Robert. Vinícius e Patrik são jovens e, aos poucos, se integrarão de forma efetiva à equipe. Kléber já mudou a “cara” do ataque, mas precisa de um companheiro melhorzinho.

Um time sem criatividade não consegue ir muito longe. Já temos o técnico dos sonhos, a CBF já está melindrada com o Palmeiras por isso, agora precisamos completar nossa alegria vendo o Mago vestindo a camisa 10 novamente, arrancando sorrisos e lágrimas de felicidade da torcida palestrina. Nós merecemos, depois de tantas cabeçadas e desgostos. Mas ele virá. Ele virá.

Créditos da foto: AE

domingo, 18 de julho de 2010

PALMEIRAS “CAI NA REAL” E PERDE NA ESTRÉIA DE FELIPÃO

Felipão chegou e Kléber também. Tudo resolvido, certo? Errado. A derrota na Ressacada, embora não tenha sido tão grave e nem pra tanto escândalo, foi um balde de água fria nos ânimos palmeirenses, pra “acordar” os excessivamente eufóricos e alguns dirigentes que vivem no mundo da lua. São dois pontos distintos sobre o jogo: primeiro, o Palmeiras perdeu por erros individuais; segundo, o Palmeiras não venceu por ter um elenco muito limitado. Não adianta achar que somente Felipão e Kléber podem resolver uma deficiência dessas. E nem somente Valdivia resolverá. Falta muita coisa. Agora não adianta desespero, afobação, vontade de resolver as coisas da maneira mais rápida e quase sempre ineficiente. O que o Palmeiras mais precisa é de trabalho e paciência. Dos jogadores, da comissão técnica (que tem capacidade demais pra isso) e principalmente da diretoria. E o torcedor, que pelo menos não atrapalhe.

Poderia ter sido diferente, como na maioria das vezes. Poucas coisas na vida são inevitáveis, até a morte pode ser evitada em certos casos. Mas é verdade que quem viu os primeiros 20 minutos de jogo na Ressacada, não apostaria em outro resultado se não uma vitória palmeirense. O clima era favorável e o futebol também. Ver Felipão finalmente comandando o time à beira do gramado animou o torcedor e a equipe. Tanto que aos 11 minutos, depois de rebote em cobrança de falta de Marcos Assunção, Gabriel Silva abriu o placar. Foi o primeiro gol do lateral de apenas 19 anos na equipe principal. E tão cedo a partida parecia nas mãos do Palmeiras, tão cedo ela escapou. Primeiro ela, a bola, escapou das mãos de Deola, que não conseguiu pegar o chute defensável de Caio. Deméritos também para a marcação de Pierre e Assunção, que deram um espaço enorme para a finalização. E sem conseguir voltar a ter vantagem no placar, o gol da virada veio aos 40 minutos, com Robinho, em mais uma bobeira da marcação. No finalzinho, Pará ainda foi expulso, deixando o Verdão em vantagem numérica.

Aproveitando-se do jogador a mais, Felipão mudou a equipe no intervalo. Tirou Márcio Araújo, em minha opinião equivocadamente, e colocou Tadeu, cujo equivoco foi a contratação. Como no primeiro tempo, o Palmeiras começou melhor do que a equipe catarinense. E logo veio o empate. Vítor lançou Kléber e o Gladiador foi puxado escandalosamente pelo zagueiro adversário. Falta dentro da área é pênalti. E pênalti ultimamente no Palmeiras é... Dessa vez não. O camisa 30 bateu simples, no meio do gol, e balançou as redes pela primeira vez nessa volta ao Verdão. Com um jogador a mais, com empate e tempo, era normal se pensar na virada. E eles tentaram. Felipão também fez o possível, colocou primeiro Tinga no lugar de Pierre e mais adiante sairia Lincoln para a entrada de Vinícius. O time ficou cheio de atacantes. Mas só Kléber, que apanhou o jogo todo com o consentimento do péssimo e sempre mal intencionado Leonardo Gaciba, tinha condições técnicas para fazer algo diferente.

Sem contar que aos 20 minutos a partida precisou ser paralisada pela nevoa no campo, graças aos sinalizadores da “nossa” torcida organizada/escola de samba. O problema não foi nem antes, mas sim depois que o jogo foi paralisado. Ao invés de apagar os sinalizadores, eles continuaram acendendo novos. E lá se foram 4 minutos. O tempo passou, as oportunidades, que nem foram tantas, foram desperdiçadas e o jogo seguia para um empate meio amargo. O Palmeiras tinha condições de vencer e empatar já seria um resultado um tanto indigesto pela situação. Nada é tão ruim que não possa ser piorado, não é verdade? Que o diga Léo, que cometeu pênalti em Roberto. Foi expulso, pois já tinha amarelo, e viu de fora do campo Deola defender a cobrança de Caio. Mas no rebote, que caiu justamente nos pés do atacante, o Avaí virou a partida. E teve mais, é claro. O Palmeiras partiu pra cima com tudo em busca de um novo empate e tomou no contra-ataque o quarto e derradeiro gol com Roberto, numa saída estapafúrdia de Deola.

O jogo terminou com uma sensação estranha. Mais uma derrota por nossos deméritos, não pelos méritos do limitado adversário. Mais uma partida que esteve em nossas mãos e que não soubemos vencer. Só quando derrotados podemos ver claramente as deficiências técnicas dessa equipe, embora ainda tenha gente achando mais fácil culpar apenas Deola, que teve sim uma atuação muito ruim. Se só o goleiro fosse culpado, nossos problemas teriam soluções tão mais fácies e rápidas. Mas não é. Nosso time não precisa apenas compor elenco, o que mais necessitamos é de titulares de qualidade. Valdivia, se vier, não resolverá nossa deficiência ofensiva, já que não é função do Mago fazer gols, nem nunca foi. E também temos sérios problemas na zaga, fazendo com que o volante Edinho se torne nosso melhor zagueiro. Se a vitória vier na quinta-feira contra o Botafogo, a “euforia” volta. Que o palmeirense é bipolar não é novidade, mas chega de tapar o sol com a peneira. Nem a vitória nem a derrota mudam o fato que o elenco é fraco e que o trabalho será longo e árduo. Qualquer resultado imediato será mentiroso. Controle as emoções palmeirense, nem tanto pra cima, nem tanto pra baixo.

Créditos da foto: Terra.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

VERDÃO VENCE CLÁSSICO SOB OS OLHARES DE FELIPÃO

Vou confessar uma coisa: adoro Copa do Mundo, é sempre um mês sensacional pra quem gosta de futebol, mas nada melhor do que ver o Palmeiras jogar. Hoje pode não ser uma maravilha de time e nem jogar um primor de futebol, e também nem sempre sair vencedor, mas é o meu Palmeiras, isso que importa. E foi tão legal ver o Felipão, mesmo que seja na tribuna, comandando a equipe. Mas nada melhor do que voltar de férias, com Felipão e Kléber, sem Cleiton Xavier (Deus é pai!) e com vitória em cima das “meninas da Vila”. E que golaço do “cabeça de maçaneta”, Ewerthon! Um bom prenúncio dessa sequência de brasileirão e a certeza de que agora teremos, pelo menos, mais vontade dentro de campo.

O Palestra fechou para reformas e, até a abertura da nova Arena, nós ficaremos “sem casa”. Ou alugaremos uma, como é o caso do Pacaembu. Mesmo que certo time se ache dono de lá, comportamento corriqueiro entre integrantes do MST, o estádio municipal não é de ninguém, ou é de todos, depende do ponto de vista. E foi lá que o primeiro clássico paulista pós-Copa aconteceu. O público foi pequeno graças ao frio e à chuva paulistana, mas o jogo foi bom e bem disputado. Duas coisas em especial contribuíram para o bom primeiro tempo do Palmeiras: Felipão na tribuna e Cleiton Xavier fora do time.

A lesma que ostentava a camisa 10 palmeirense não fará a mínima falta, mesmo que o Verdão não venha a contratar um outro meia. Sem sua má vontade em campo, o time correu muito mais e se ajudou. Tanto que aos 12 minutos, Ewerthon abriu o placar num golaço de fora da área. Depois do gol palmeirense, o Santos tentou reagir. Passou a ter mais posse de bola, mas mesmo assim o Verdão permaneceu perigoso. Poderia até ter feito o segundo gol com Lincoln, num ótimo contra-ataque. Até Gabriel Silva, que não havia feito sequer um bom jogo no time principal, hoje rendeu muito mais.

Na segunda etapa, o Santos voltou sem Madson, o “tartaruga ninja”, e Ganso, voltando de contusão, reforçou a equipe. Nada que assustasse o Palmeiras, pelo menos hoje. Voltamos sem alterações e já nos primeiros minutos, botamos pressão na equipe santista, criando e perdendo boas oportunidades. Aos 16, a ordem veio lá de cima, das tribunas, para Lincoln, que vinha fazendo um bom jogo, dar lugar ao estreante Tinga “Molejão”. O ex-meia da Ponte já levou cartão amarelo em seu primeiro lance. Ruim? Nada. Logo depois contou com desvio na zaga santista ao bater cruzado pra área para fazer seu gol logo na estréia.

Com 2 x 0, a equipe relaxou um pouco, mas não o suficiente para tomar grandes sustos. Inclusive estávamos mais perto do terceiro gol do que o Santos de marcar seu primeiro. Até que Léo, que já estava tentando fazer uma cagadinha desde a primeira etapa, finalmente conseguiu. Cortou uma bola de cabeça totalmente errada para dentro da área e Marcel, com uma bomba, fez um belo gol. Depois disso, haja unhas até o final do jogo. Deola e Vítor ainda tentaram nos matar do coração e o desvio do lateral quase terminou no empate santista. Mas, definitivamente, não foi o suficiente para tirar nossa merecida vitória.

É repetitivo, mas é verdade: falta muita coisa. O Palmeiras não precisa só de boas opções para o banco como também necessita rapidamente de titulares qualificados. Mas com Felipão, Murtosa e motivação, já melhorou consideravelmente desde a última partida antes da parada para a Copa. Se Valdivia vier, e se Deus e o xeique quiserem, ele virá, ainda faltará jogador(es). Mas conhecendo o Felipão e sabendo de sua competência, dá para ficar um pouco mais otimista em relação ao futuro palmeirense. Não tenho dúvida de que, pelo menos,falta de vontade, coisa que vinha acontecendo há muito tempo nessa equipe, ele não tolerará. É o mínimo que eu espero de um time com o escudo do Palmeiras no peito. E só pra não perder o costume: chupa, Neymar!

Créditos da Foto: Tom Dib/Lance Press.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

AGORA É OFICIAL: AO CONTRÁRIO DO QUE DIZIAM AS MÁS LÍNGUAS, FELIPÃO É TREINADOR DO PALMEIRAS

Finalmente Felipão se apresentou para a torcida palmeirense, nesta gelada e chuvosa quinta-feira paulistana. Depois de 10 anos de sua saída do Verdão, o técnico volta, se é possível, com ainda mais prestígio do que tinha há uma década. Luiz Felipe Scolari é um dos poucos, até raríssimos, casos em que um técnico pode ser considerado ídolo. Ele é tão ídolo da nossa torcida como de 99,9% dos brasileiros. Por esse motivo e pela sua ligação com a seleção brasileira, Felipão foi bombardeado, como já vem sendo desde a demissão de Dunga, com perguntas sobre uma possível volta ao comando da equipe de Ricardo Teixeira, mas despistou mostrando sempre muito respeito ao Palmeiras. Nosso “novo-velho” comandante ainda falou sobre reforços e pediu paciência à torcida. Só nos resta apoiá-lo e não lhe causar ainda mais problemas do que ele já terá tentando ajeitar essa equipe.

Paciência, trabalho e gratidão deram o tom do discurso de Felipão em sua apresentação. Para o treinador, o trabalho será longo e árduo para se conseguir resultados. A verdade é que a situação de sua chegada em 97 era totalmente diferente dos dias atuais. O Palmeiras não tem dinheiro nem a Parmalat para bancar grandes contratações, sem esquecer que tem uma “parceira” que mais atrapalha do que ajuda. A falta de qualidade e quantidade do elenco deve ser a maior preocupação de Scolari em sua volta ao Verdão. Como bem sabemos, o plantel é fraco e será necessária a chegada de novos e bons reforços. O técnico quer inclusive que a Traffic reponha a saída de Diego Souza e Cleiton Xavier – negociado ontem para a Ucrânia, e sinceramente, já vai tarde – e fala em aproveitar a base palmeirense. “Big Phil” também deixou bem claro que espera a chegada de Valdivia.

Sobre a seleção, Felipão não disse nem que sim nem que não, mas reafirmou que voltou ao Brasil exclusivamente para treinar o Palmeiras e deve respeitar o acordo firmado. O técnico ainda disse que pretende conversar com Marcos para que ele adie a aposentadoria, que estava programada pelo santo goleiro para o final deste ano. Hoje, Felipão não irá ao banco comandar o time na partida contra o Santos. Murtosa assumirá esse posto provisoriamente. O técnico alega que ainda nem teve contato com os jogadores, enquanto Murtosa já vem trabalhando com esse grupo há quase duas semanas, portanto sua presença no banco não seria interessante no clássico.

O trabalho de Felipão será duro. Isso não é novidade. Para que ele possa fazer o que tão bem sabe, precisará muito da ajuda da torcida. O palmeirense, sob hipótese alguma, pode esquecer o que Scolari significa para o Palmeiras, não só pelo passado vitorioso, mas também pelo futuro incerto. A volta de Felipão à Academia de Futebol traz esperança para esses jogadores que lá estão e para outros que possivelmente virão. Mas ajuda mesmo terá que vir da diretoria. Não adianta contratar um técnico top no cenário mundial, sonho da torcida, se não reforçar e bem o elenco. Felipão é um grande técnico, vencedor e trabalhador, além de ser muito identificado com o Verdão, mas não faz milagres. Já temos o melhor técnico que poderíamos ter, agora “só” falta um time.

Créditos da foto: Uol.

domingo, 11 de julho de 2010

E VIVA A ESPANHA!

Já houve um tempo em que o melhor vencia sempre. Os tempos mudaram. O futebol mudou. As equipes investiram na força física, na tática, e em tudo mais que fizesse o esporte bretão ficar irritantemente competitivo. Todos podem ganhar, até os ruins. Um futebol “democrático” que derrubou o Brasil de Telê em 82. Desde então, nem sempre o melhor vence. E assim o Brasil se convenceu que precisava mudar, se igualar à “democracia”, produzir brucutus marcadores ao invés de craques que jogam de cabeça erguida, que pensam. Não interessa a genialidade sem os músculos. Não interessa o bom futebol sem os resultados. A vitória de Paolo Rossi mudou a maneira do mundo ver futebol e todos quiseram copiar a competência italiana, até quem não deveria. Há exatos 28 anos, na Espanha, a Itália venceu a Alemanha e se sagrou tricampeã mundial. Nesse 11 de julho a mesma Espanha, sede em 82, provou que bom futebol e vitória são sim sinônimos, que é possível conciliar os dois. Provou algo que não era necessário provar, mas que todos se negavam a ver. Que agora o mundo siga o exemplo certo e que o futebol volte a pertencer aos melhores. Não custa nada sonhar.

Essa Copa do mundo ficará marcada por quebrar muitos tabus e por coisas impossíveis. Quem se esquecerá da cobrança de pênalti de Asamoah Gyan na trave, justamente no último minuto da prorrogação? E da bola de Lampard que entrou 33 cm contra a Alemanha, mas o gol não foi validado? E o fato de uma Copa do mundo ser decidida por duas seleções que nunca foram campeãs mundiais, algo que não ocorria desde 78? Marque mais uma: nunca houve um campeão derrotado na estréia. Até hoje. Espanha e Holanda eliminaram favoritos, como Alemanha e Brasil, e chegaram à final com propostas diferentes. A espanhola era de atacar, tocar a bola e se manter paciente. A holandesa era de contra-atacar, também se manter paciente e bater. E como bateu. Van Bommel já merecia ser expulso por entrada violenta em Iniesta, mas De Jong mostrou o que realmente é “ficar no lucro”. Num lance à la “Karate Kid”, o holandês meteu as travas da chuteira no peito de Xabi Alonso, mas ficou apenas num absurdo cartão amarelo.

Pra não dizer que a Holanda é apenas isso, Van Persie participou de um bonito lance de fairplay. Heitinga, que teria que devolver a bola para a Espanha, quase pegou Casillas desprevenido, fazendo com que o goleiro espanhol desviasse para escanteio. O camisa 9 da Holanda foi à linha de fundo e bateu tiro de canto, devolvendo a bola para a seleção espanhola. E também teve suas chances. A mais clara delas foi na segunda etapa, com Robben. O cai-cai holandês recebeu um lançamento lindíssimo de Sneijder, mas na hora de finalizar parou nos pés de Casillas. Mas quem desperdiçou chances atrás de chances foi a Espanha, com seu já conhecido “preciosismo”. Ao invés de chutar pro gol e fazer o mais simples, os espanhóis sempre tentaram um algo mais nas jogadas. Por essa e por outras, que pela segunda edição seguida, uma Copa do Mundo foi para a prorrogação.

Del Bosque colocou Navas e Fábregas na equipe, o que melhorou as jogadas ofensivas espanholas. E foi do camisa 10 a chance mais perdida da Espanha no jogo, já na prorrogação. Recebeu um belo passe de Xavi e parou, assim como Robben, nos pés do goleiro holandês, Stekelenburg. Durante o tempo extra o predomínio foi espanhol. Fernando Torres, que fez uma Copa muito abaixo do que pode já que vem voltando de contusão, entrou no lugar de Villa, que não fez uma grande partida. Não mudou muita coisa. Todos já começavam a pensar que a Copa seria mais uma vez decidida nos pênaltis. Talvez em outras Copas, mas nesta não. Aos 13 do segundo tempo da prorrogação, Iniesta iniciou uma jogada com toque de calcanhar no meio campo e depois de cruzamento de Torres ser tirado pela zaga holandesa, a bola sobrou para Fábregas. E aí a Copa foi decidida. O meia do Arsenal rolou para o camisa 6, que bateu e nem o gigante Stekelenburg conseguiu segurar. Gol do título inédito espanhol. A Holanda até quis reclamar um possível impedimento, mas nem no primeiro lance Iniesta estava impedido. Festa espanhola na África do Sul.

A Espanha não foi exuberante, mas não foi medíocre. Não mudou seu jeito de jogar em nenhuma circunstância, nem mesmo depois da inesperada derrota para a Suíça na primeira rodada. Manteve-se paciente, tocando a bola, esperando o momento certo, a jogada certa, e fez o necessário para levantar a bonita taça da FIFA. Jogou um futebol bonito, porém simples. E se aproveitou que tinha em mãos a melhor seleção de sua história. Era o momento espanhol e não poderiam deixar essa chance escapar. Não deixaram. A Fúria chegou aonde chegou porque formou jogadores de qualidade, fez grandes seleções de base e se fortaleceu ainda mais desde a conquista da Euro. Del Bosque não teve medo de apostar, mas também não temeu bancar seus antigos titulares. Que dirá Casillas, que sofria com uma corrente da imprensa que pedia Valdés como titular. Foi escolhido o melhor goleiro da Copa com todos os méritos e hoje chorou como criança ao ver sua seleção ser campeã do mundo. A Espanha venceu porque mereceu vencer e porque era melhor. É a melhor seleção do mundo na atualidade. Bem-vinda Fúria, ao seleto grupo de campeões mundiais!

Créditos da foto: Folha de São Paulo. 

“CAMPEÕES” SEM TAÇA DÃO EXEMPLO DE FUTEBOL E RAÇA NA DISPUTA PELO TERCEIRO LUGAR



Normalmente, não se espera muito de uma disputa pelo terceiro lugar, mas estamos falando de Copa do Mundo, e isso significa muito.

Durante a competição, a Alemanha deu mostras de que lutaria pelo título, surpreendendo até os mais crédulos. Perdeu 5 jogadores antes do início da Copa e, mesmo assim, veio com uma seleção forte, renovada e que terá grande chance em 2014. Caiu diante da Espanha, que amanhã jogará pelo título. Já do Uruguai não se esperava muito, pois há tempos a camisa Celeste já não impunha o respeito merecido. Mas, em campo, vimos uma seleção aguerrida e valente, que fez de tudo para vencer seus adversários.

A partida entre Alemanha e Uruguai foi uma das melhores dessa Copa. Houve duas viradas e bola na trave no último lance do jogo. Foi emocionante e serviu para mostrar como deve ser o espírito de uma seleção numa Copa do Mundo, como os jogadores devem honrar as camisas que vestem, pois muitos não fizeram isso, inclusive na seleção brasileira.

A Alemanha saiu na frente aos 9 minutos, com Müller, que pegou o rebote do goleiro Muslera após chute de Schweinsteiger. Aliás, essa foi a primeira falha decisiva do goleiro uruguaio, que rebateu a bola pro meio da área, facilitando a vida do menino da camisa 13.

Ao contrário do que aconteceu com algumas seleções, o Uruguai não tremeu após o gol e não se perdeu em campo. Como conseqüência veio o gol de empate aos 28 minutos. O volante Pérez roubou a bola de Schweinsteiger, no meio de campo, e mesmo caído, conseguiu dar um passe para Suárez. O atacante-goleiro conduziu a bola e tocou para Cavani, que entrou livre para tirar do goleiro com um chute certeiro. E assim terminou o primeiro tempo, sendo que Suárez ainda perdeu um gol incrível aos 41 minutos.

A virada uruguaia veio cedo, logo aos 5 minutos do segundo tempo. Arévalo tabelou com Suárez pela direita e cruzou para Forlán que, de primeira, mandou a bola pro gol num lindo voleio. Esse foi o quinto gol do camisa 10 do Uruguai, que disputa como melhor jogador da Copa, merecidamente.

A festa celeste não durou muito tempo, pois o inseguro Muslera entregou o ouro novamente. Aos 11 minutos, Boateng cruzou na área, o goleiro catou borboleta e Jansen cabeceou para a rede. Era o gol de empate, que deixou o jogo ainda mais emocionante.

O gol da vitória alemã veio aos 37, com Khedira. Após confusão na pequena área, a bola sobrou para o volante que não perdeu a chance de cabecear para o gol. Kiessling, que substituiu Cacau, ainda poderia ter ampliado, mas faltou colocar o pé na forma.

Apesar do banho de água fria, a seleção uruguaia lutou até o fim. Já nos acréscimos, o Uruguai teve uma chance preciosa de levar o jogo para a prorrogação, após falta marcada na entrada da área. Forlán bateu e a bola bateu no travessão. E o juiz apitou o final da partida.

Mesmo derrotado, o Uruguai saiu de cabeça erguida e seus jogadores serão ovacionados na chegada à Montevidéu. Fizeram uma bela campanha, quebrando um jejum de 40 anos sem chegar a uma semifinal. A Alemanha já tem a base para a Copa de 2014, no Brasil, mostrando que renovação também traz resultados positivos. Alguns jovens valores foram mostrados ao mundo, como Müller e Özil, mas não se esqueceram dos “velhos” jogadores, que também fizeram a diferença. O atacante Klose marcou seu 14º gol em Copas, e poderia ter marcado mais se tivesse jogado, o que não aconteceu. É o 2º maior artilheiro da competição.

E assim terminou a participação das duas seleções na Copa de 2010, demonstrando, mais uma vez, que o polvo Paul estava certo. Bichinho danado! Será que vai dar Espanha mesmo? Saberemos neste domingo!


Créditos da imagem: Uol

sexta-feira, 9 de julho de 2010

UM MISTO DE “ADEUS” COM “ATÉ LOGO”

Hoje acordei com o peito doendo, garganta apertada, pensando somente em um lugar. Único lugar no mundo em que, hoje, gostaria de estar. Mas não estarei. Não estarei hoje, não poderei mais estar em nenhum dos amanhãs que virão. Não sou saudosista, mas reconheço o valor do que passou e de coisas tradicionais. Reconheço, também, que mudanças são incontroláveis e, muitas vezes, imprescindíveis, mas nem por isso deixo de sofrer por aquilo que é necessário sacrificar em favor de algo novo. Hoje sofro, não há como e nem motivo para negar.

Agora virá o futuro. Uma Arena nova, diferente, “moderna”. Não será mais como hoje e confesso que, apesar de boas novidades, muitas coisas tão importantes ficarão para trás... Não é lamentação, mas constatação do que é comum. A vida é assim, a história é assim, é dessa forma que as coisas acontecem. E aceitando as mudanças, desejando muito que tudo dê certo e que a Arena traga benefícios, também desejo que não tirem o nosso lugar de lá. É tão difícil não tremer quanto não sentir raiva ao ler o que o repugnante J. Hawilla disse há algum tempo atrás, que dá orgulho ver gente pagando R$ 300 num ingresso, que a turma que fica na geral deve ficar em casa porque não consome nada e não interessa mais ao futebol. É besteira não considerar que pensamento desse tipo não poderá resultar numa novidade inacessível a quem tanto amou e viveu no Palestra Itália. E por tratar-se de assunto tão preocupante, infelizmente, não poderia deixar passar. Resta-nos esperar e cobrar o bom senso das pessoas no poder. Mas, por hoje, quero falar do Palestra que hoje ainda temos.

Estive no Palestra Itália, de corpo presente, por apenas três vezes, entre 2009 e 2010. Gostaria de poder ter pisado mais naquele chão marcado por tantas histórias de glórias, de dores, alegrias, revoltas, tristezas, euforias, amor, raivas, sonhos, desejos, paixão, Palmeiras. Gostaria, não foi possível, sei que fiz sacrifícios para estar nas poucas vezes possíveis. Mas nem por isso deixei de me sentir lá, como se realmente estivesse, por centenas de vezes durante minha infância e adolescência. Era como um sonho e, posso garantir, ao pisar pela primeira vez naquele lugar, na tarde de 7 de junho de 2009, para ver o Palmeiras vencer o Vitória por 2x1, de virada, com gols de Ortigoza e Maurício Ramos, eu senti como se estivesse num lugar do meu cotidiano, lugar que sempre freqüentei. Sabe quando você diz que “esse é o meu cantinho no mundo, o meu lugar”? Eu me senti assim porque, mesmo que não tenha freqüentado tanto quanto gostaria, aquele é meu lugar. Meu e de tantos outros milhares.

É até engraçado que eu tenha presenciado, justamente, uma vitória, um empate e uma derrota; um dia de muito frio, um dia de frio e chuva, um dia de sol (e chuva). Mas ao fechar os olhos agora, só consigo pensar em duas coisas: o vento no rosto e uma imagem de comemoração de gol. E há um hino que toca em minha mente, um hino que me faz lembrar uma grande história de superação de homens e mulheres que sempre lutaram muito por essa nossa paixão. Nós ainda vamos lutar muito, eu sei. Não acredito nessas coisas, mas parece que essa luta incessante é como um destino traçado lá por meados de 1914. E o Palmeiras, como sempre aconteceu depois de tanta lutar, continuará de todos nós. Ao menos é o que espero, sonho, desejo, não permitiríamos coisa diferente.

Hoje pode ser o último dia do tão querido “jardim suspenso”. E tantas histórias, tantos momentos... Não falo apenas das glórias e fracassos daqueles que vão para os álbuns, vídeos e livros. Falo de histórias de todos nós, de nossas vidas, cada grande história de pessoas consideradas pequenas, cada pequena história de pessoas grandes. Deixará saudade, já estou com saudade, mas é certo que o Palestra, nosso Palestra, não ficará no passado, trata-se de uma mudança e não de um final. E que venham tantas outras histórias, para nos fazer rir e chorar, para nos emocionar, para guardar lugar ao lado dessas lembranças que teremos do que existe hoje. E sei que essas novas histórias virão. Se você for ao Palestra hoje, por favor, deixe uma lágrima minha lá, mas não se esqueça de deixar um sorriso também.



Créditos das imagens: Palestrinos e Cruz de Savóia.


quinta-feira, 8 de julho de 2010

LA FÚRIA ROJA

Poderia ser título de filme hollywoodiano, mas não é. Trata-se de uma seleção, um time de futebol, que nos tempos de força física e futebol-resultado, mostra que não é necessário mudar seu jeito de jogar para chegar às conquistas. A Fúria não tem um passado vitorioso, estrelas no peito ou quão menos experiência em decisões. A camisa é leve. Já a Alemanha, que passou atropelando Inglaterra e Argentina, tem uma camisa pesada, com diversos títulos, de grandes equipes e jogadores. Uma história invejável. Mas a história jamais permanecerá intacta, ela se renova. A espanhola está sendo escrita diante de nossos olhos, com bom futebol e com uma prova: a camisa pesa sim, mas só para os fracos. E a Espanha, “amarelona”, pode levantar a taça da Copa do Mundo, enquanto tem time aí que nem em final de Libertadores chegou ainda. Ô dó!

Já se sabe que a Copa do Mundo da África do Sul terá um campeão inédito. No domingo entrarão em campo duas seleções “virgens”, e uma especificamente que nem perto da hora H havia chegado. A Fúria tinha no caminho para sua primeira final a renovada seleção alemã e o estigma de amarelar em jogos difíceis. E digamos que havia certo favoritismo para a Alemanha, já que os comandados de Joachim Löw passaram como um rolo compressor sobre ingleses e argentinos. Tudo isso é passado, mesmo que recente. Quando o juiz apitou e a partida começou, quem se fez grande foi a Espanha. Dominou a posse de bola, criou jogadas, teve paciência, quase não levou sustos e quando levou teve Casillas para garantir lá atrás. Os alemães ainda podem se queixar da ausência de Thomaz Müller, que levou seu segundo amarelo diante dos hermanos e desfalcou a engrenagem germânica diante dos espanhóis. Embora Vicente Del Bosque também possa reclamar, já que um de seus principais jogadores, Fernando Torres, ainda nem veio à Copa.

Na base do toque de bola, a Espanha dominou todo o primeiro tempo e com uma exibição bem melhor do que contra o Paraguai, pelas quartas de final. Del Bosque colocou El Niño Torres no banco para a entrada do ótimo e jovem Pedro, mais um do Barcelona. E deu certo. O espanhol deu muito trabalho para a excelente defesa alemã, embora Villa tenha rendido menos devido a mudança de posicionamento. Mesmo com domínio, nada de gols. A rede só foi balançar na segunda etapa. A Alemanha parecia outro time, muito diferente daquele que venceu Inglaterra e Argentina. Nem seus contra-ataques mortais pegaram a Fúria desprevenida. Teve somente uma grande jogada, que passou por Özil, Podolski e Kroos, mas parou numa bela defesa de Casillas. Enquanto isso, os espanhóis pressionavam. Com finalizações de Xabi Alonso e Pedro, a Espanha perdia chances, mas se aproximava do gol a cada lance. E ele veio. Não teve jogada trabalhada, nem foi um golaço. Foi simples e suficiente. E foi de Puyol. O zagueiro do Barça subiu mais que todo mundo, praticamente voou para cabecear o escanteio preciso de Xavi. Uma paulada, sem chance para Neuer.

Com o gol espanhol, finalmente a Alemanha teve que sair da toca. E saiu tanto que poderia ter perdido de mais. Aliás, deveria. Pedro recebeu um lindo lançamento de Xavi e pegou a defesa alemã toda aberta. Só tinha duas excelentes opções: ou chutava e marcava ou então rolava para Torres, que havia entrado no lugar de Villa, livre e com o gol escancarado à sua frente. Mas ele inventou uma terceira opção: tentar um corte no zagueiro e enfiar a bola no rabo. De castigo, acabou substituído por David Silva. Os alemães apertaram, mas não teve jeito. Era “dia de Fúria”. Final de jogo e classificação inédita para a final. Desde 78, quando Holanda e Argentina decidiram o mundial, uma Copa do Mundo não é decidida por duas equipes sem o título no currículo.

A Espanha se manteve com o mesmo ritmo em que venceu os últimos cinco jogos e que também perdeu na estréia contra a Suíça, no resultado mais injusto da Copa. A diferença foi uma garra, uma vontade que ainda não tinha sido vista nessa seleção de Del Bosque. A Fúria mostrou hoje que a melhor maneira de se respeitar o adversário é jogar para vencê-lo. Respeito pelo torcedor e pelo futebol acima de tudo. Respeito por seu estilo de jogo. Respeito por sua leve, porém honrosa camisa. Já a Alemanha jogou pouco, mais por culpa da seleção espanhola do que de si própria. Domingo é fato que veremos um campeão inédito, mas ainda mais fato é que veremos um campeão por merecimento. As duas finalistas aí chegaram porque fizeram por merecer. A competente Holanda contra a lúdica Espanha, quem leva? Lembrando que nunca houve um campeão que perdeu o jogo de estréia, caso da Espanha... Grande bosta. O que vale é bola rolando e mais nada.

Créditos da foto: El País.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

QUANDO BRILHAM AS ESTRELAS


Não, embora o título possa sugerir, não foi um grande jogo marcado por lances geniais de craques igualmente geniais. Isso não quer dizer que foi chato, ruim, sem emoção... O que quero dizer é que, em uma Copa marcada pela falta de grandes estrelas em várias das maiores seleções, ou pela falta de brilho de tantos outros candidatos a melhores do mundo, na semifinal entre Holanda e Uruguai o brilho das “estrelas do time”, aqueles jogadores que podem fazer a diferença em momentos de “escuridão”, se destacou nos fatores que levaram ao resultado final. Afinal, se a Holanda fez um jogo muito diferente do que vinha realizando, isso em grande parte determinado pela forte marcação do Uruguai, contou com a efetividade de seus principais jogadores no momento em que precisava. Já a equipe celeste depende demais, e quase que exclusivamente, do poder ofensivo de seu camisa 10 – principalmente com a falta do goleiro da Copa, o camisa 9 Suárez -, e contar demais com apenas um jogador é algo perigoso.

Imagino que não importa tanto falar que a última final da Holanda, que jamais foi campeã do mundo, aconteceu há 32 anos; ou que o bicampeão Uruguai não vê a taça desde 1950. É o jogo que decide a vaga na final, final decide taça, é importante tanto para os “virgens” quanto pra quem já venceu uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Não há seleção acostumada com isso, embora tenha um sabor especial quando “gente diferente” tem chance. A Holanda, apesar da falta de títulos, não é considerada zebra pela história no futebol e pela qualidade do time técnico, com bom toque de bola e alguns jogadores que desequilibram. Atualmente tem um time bom, que resolve, não ficaram 25 jogos sem perder por mero acidente e sempre foram considerados, pela qualidade, um dos favoritos nessa Copa, apesar de muitos destacarem o fato de não serem campeões como ponto que desfavoreça.  Por outro lado, o Uruguai tem um time mediano, com alguns bons jogadores e apenas um destaque, Forlán. Tecnicamente é o pior time dessas semifinais, mas demonstra a raça e determinação que todas as seleções deveriam ter em Copa do Mundo. E foi por essas qualidades honrosas que a celeste ganhou minha simpatia e minha torcida, assim como de muitos outros brasileiros. Mas, infelizmente, e com certa justiça, já que a Holanda tem um time melhor, não deu.

Bola rolando, o Uruguai formou um paredão que dificultava até mesmo o belo toque de bola Holandês. Em determinados momentos do jogo, a Holanda foi até um tanto quanto irreconhecível, dada a quantidade de passes errados. Culpa da forte e eficiente marcação uruguaia. Mas, se a marcação era boa, a criação deixou a desejar. Além da, também forte, marcação holandesa, a equipe celeste ainda teve que enfrentar as dificuldades de Forlán e Cavani em criar opções ofensivas. Ambos erraram passes e perderam o tempo da bola em várias ocasiões. E já que os times estavam espertos defensivamente, o negócio era arriscar de fora da área. Foi assim que Van Bronckhorst marcou, aos 18 minutos, em belo chute que, antes de entrar, bateu caprichosamente no canto direito do gol.  Com 1x0 para os laranjas, os celestes apertam ainda mais a marcação. E só lá pelos 30 minutos que o Uruguai passou a buscar gol de forma mais incisiva, tendo que superar a forte retranca de uma Holanda toda recuada e esperando contra ataque. Foi assim que saiu outro gol de fora da área, dessa vez dos pés de Forlán. O camisa 10 celeste acertou uma bomba de pé esquerdo e o goleirão holandês até tocou na bola, mas não teve jeito, gol de esperança para o Uruguai.

No primeiro tempo foi isso. O Uruguai, com menos chances de gol, conseguiu segurar bastante o time holandês e garantiu o empate.  Destaque para a força de decisão de Forlán, que ainda fez bela cobrança de falta defendida pelo goleiro, e para o lateral esquerdo (que originalmente joga pela direita) Cáceres, que esteve bem na marcação e buscando muito por opções ofensivas. Já a Holanda, embora sofrendo com a marcação adversária, teve algumas boas chances, contando bastante com a visão de jogo de Kuyt, um atacante técnico que “joga para o time”. Van Persie, Sneijder e Robben até colocaram perigo, porém, para resolver o jogo, faltava mais.

No segundo tempo a Holanda voltou com o meia Van de Vaart no lugar do volante De Zeeuw, o que resultou num Sneijder, o camisa 10 artilheiro e destaque holandês, com maior liberdade ofensiva. E foi com ele que veio o segundo gol. Aos 25 do segundo tempo, o meia recebeu a bola pela esquerda, cortou e chutou no canto direito do gol. A Jabulani bateu em Van Persie, impedido, o que atrapalhou o goleiro, mas o juiz validou. Três minutos depois, Kuyt fez ótimo cruzamento pela esquerda e Robben não desperdiçou. Gol de cabeça que praticamente decretava a classificação holandesa.

Quinze minutos para fazer o que foi difícil realizar durante o jogo todo, dois gols, com o camisa 9 suspenso, dificuldades na criação e uma Holanda fazendo de tudo para segurar o resultado. Impossível? Para alguns amarelos, o empate laranja pode fazer tremer, mas os uruguaios mostraram a bravura de campeões e lutaram até o final. Sem destempero, mais uma vez de forma bonita, buscaram força para virar um resultado desfavorável. O técnico Oscar Tabárez trocou Alvaro Pereira por Loco Abreu e, não se sabe se por problemas físicos, Forlán pelo atacante Fernández. Se com Forlán estava difícil, sem ele ainda mais. Mas nem por isso os celestes desistiram. E foi de tanto tentar que saiu o gol de Maxi Pereira, já nos acréscimos, aos 47 do segundo tempo. Em cobrança de falta, Pereira recebeu a bola na entrada da área, chutou, marcou e colocou fogo na partida. Se a esperança é verde, hoje ela foi “azul celeste”. O juiz, que tinha dado três minutos de acréscimos, deixou o jogo rolar até os 50. E os uruguaios, que não são bobos nem nada, lutaram incessantemente até o último segundo de desespero holandês.

Apesar da honra uruguaia, a festa hoje é nos Países Baixos. Verdade seja dita, o time holandês não é uma laranja mecânica, mas é melhor que muita seleção por aí, inclusive o bravo time uruguaio. Kuyt, Robben e Sneijder podem não ter o talento de um Johan Cruijff, mas são bons jogadores e decisivos como poucos craques nesse mundial. Embora a raça celeste seja de “dar inveja” a qualquer um cuja seleção nacional tenha um time melhor - mas sem nada dessa força necessária -, há momentos em que prevalece a capacidade daqueles que se fazem brilhar quando a coisa aperta, daqueles que resolvem quando a situação é complicada. Esse é o verdadeiro brilho das estrelas, mesmo que essas estrelas não sejam aquelas que recebem prêmios, maior destaque nos jornais e em campanhas publicitárias.

Agora é esperar o resultado entre a fúria espanhola e a fábrica de chocolates alemã. Será reedição de 74 ou final inédita? Alemanha é favorita, pelo time e pela camisa, mas numa Copa em que vi seleção tradicional e campeã literalmente amarelando, Maradona separando briga, Eslováquia nas oitavas, estadunidense aprendendo a torcer por futebol e Suíça assustando favorita, eu não duvido de mais nada. E confesso que, independente do resultado, a minha torcida estará no time que vencer o jogo desta quarta-feira.

Crédito da imagem: UOL.


domingo, 4 de julho de 2010

ESPANHA VENCE COM DRAMA E VILLA

Enquanto todo mundo imaginava vida fácil para a Espanha, a Copa do Mundo nos preparou mais um jogo cheio de emoções. Foi uma vitória suada, numa partida muito disputada, em especial na segunda etapa, e no momento de adversidade finalmente vimos a seleção espanhola com cara de “Fúria”. Fora isso, participação especial dos dois goleiros, defendendo um pênalti de cada lado, e da arbitragem, muito confusa. Agora a Espanha fará o jogo mais importante de sua história e lutará para chegar à sua primeira final de Copa do Mundo, e até quem sabe ao título. Mas do outro lado tem a gigante Alemanha, ainda mais agigantada pelo futebol que vem desempenhando. Mais um duelo de tirar o fôlego. Será que os espanhóis param a “fábrica de chocolates” alemã? E os alemães, seguram David Villa? Respostas mesmo só com bola rolando.

Depois dos resultados nas oitavas de final com quatro sulamericanos classificados, a imprensa e alguns torcedores deslumbrados começaram a falar que essa era a Copa da América do Sul. Das quatro seleções, duas eram favoritas, uma brigaria de igual pra igual e a outra era zebra. As duas favoritas enfiaram a viola no saco e a zebra brigou, lutou, não se entregou, mas foi junto pra casa com as eliminadas. Dos quatro sobreviventes, agora apenas um é sulamericano e os outros três são europeus. A zebra caiu hoje, diante de uma favorita que continua sem jogar tudo o que pode. O Paraguai sim jogou o que poderia. Ou talvez até mais. A modificada equipe paraguaia deu um “susto” na Espanha logo no início de jogo. A marcação forte já no campo de ataque, não permitindo o tão famoso toque de bola espanhol acontecer, deixou o time de Del Bosque confuso. A Fúria não conseguiu jogar nem criou boas chances de gol, enquanto o Paraguai ainda pode reclamar de uma jogada duvidosa. No final do primeiro tempo, Valdez marcou, mas o gol acabou sendo invalidado. O auxiliar assinalou participação de Cardozo, esse sim impedido, no lance. Valdez não estava. Embora confuso, concordo com a arbitragem nessa marcação.

Na segunda etapa o jogo foi outro. E sabe de quem foi a culpa? Divida ela entre o arbitro guatemalteco e Piqué. O zagueirão do Barcelona tem bola suficiente pra ser um belíssimo zagueiro, mas tem cérebro de um chimpanzé. Fez um pênalti tão pênalti que fico até com vergonha por ele. Agarrou e se recusou a largar o paraguaio, até que o juiz apontou para o centro da área. Na cobrança, Cardozo, que aparentava muito nervosismo, parou em Iker Casillas. É bem verdade que teve uma grande invasão espanhola na área e que Cardozo bateu muito mal, mas méritos também para o goleirão do Real Madrid. Logo em seguida, Villa foi derrubado na área depois de contra-ataque da Espanha. Pênalti que Xabi Alonso cobrou e fez, mas o juiz mandou voltar alegando invasão dupla, que realmente aconteceu, mas foi mínima. Um preciosismo. Na segunda cobrança, o excelente volante merengue também parou no arqueiro adversário, o paraguaio Villar. No rebote, o goleirão paraguaio fez um pênalti claro em Fábregas, mas o juiz não deu.

O jogo que seria simples tomou contornos dramáticos. O Paraguai se defendia bravamente e a Espanha ainda precisava de Xavi, Iniesta e Villa. Com Pedro na partida, substituindo Alonso, o jogo melhorou para a Fúria. Até que o trio, que será trio do Barcelona na próxima temporada européia, apareceu e decidiu. Xavi tocou de calcanhar para Iniesta, que arrancou e fez uma bela jogada. O camisa 6 completou com um belo passe para Pedro definir, mas a revelação catalã chutou na trave. Adivinha quem a Jabulani procurou? David Villa, que depois do chute teve que olhar a bola bater nas duas traves e entrar. Muito bonito e chorado gol espanhol. Para encerrar, Casillas garantiu a vitória espanhola ao fechar o gol para Roque Santa Cruz.

E foi assim, com uma vitória dramática e suada que a Espanha chegou às semifinais da Copa. O problema mesmo é o que vem pela frente: a poderosa Alemanha. Camisa já não ganha jogo faz tempo, justamente por isso o futebol alemão se renovou e montou uma seleção que mescla juventude com certa experiência, vontade, obediência tática e muita qualidade técnica para continuar vitoriosa. Futebol se ganha no campo, não nos livros de história. A Alemanha que já tem capítulos brilhantes nesse “grande livro dos campeões no futebol”, se prepara para preencher mais uma página. A Espanha, que deve ter uma notinha de rodapé e tão somente, quer fazer história. Será uma bela semifinal com duas grandes equipes. Que vença o melhor!

Créditos da foto: GE.

sábado, 3 de julho de 2010

DEUTSCHLAND ÜBER ALLES


Por Sergio Bellangero

Alemanha acima de tudo! Será?

Foi assim que terminei um dos meus textos neste blog sobre a seleção Alemã. Sinceramente, não acreditava. O time renovado, problemas pessoais no elenco e contusões colocavam uma ponta, para não dizer uma dúvida inteira, sobre essa seleção de 2010. Para quem viu esse time nas eliminatórias que, apesar de ter feito boa campanha, não empolgou em nenhum jogo, ficava difícil dizer em 11 de Junho: “A Alemanha é favorita ao título!” Muito bem, para quem o fez e assim previu, só tenho a parabenizar. Mas ainda assim acredito que quem apostou na Alemanha antes de a bola rolar agiu pela tradição e pela camisa dessa seleção. E que bela camisa essa preta da Alemanha. Mas a beleza não ficou só no figurino. A Alemanha estraçalhou a Argentina e chega com força à semifinal. Agora segura!

Falando do jogo, com o que as duas seleções haviam feito ao longo da Copa, já se podia prever uma Alemanha muito mais equilibrada em todos os setores do campo, jogando no conjunto e muito bem treinada, enquanto do lado Argentino, via-se bons nomes individualmente, mas uma seleção desequilibrada entre a defesa, o meio e o ataque. E, mais uma vez, este esporte mostrou que conjunto é a palavra chave! A melhor disposição tática Alemã extirpou qualquer possibilidade de se ver alguma arte sobressalente sair dos pés de Messi. E não se iluda quem, lendo este artigo, pense que a Alemanha é só um ótimo conjunto e um time bem treinado. Ótimos nomes em todos os setores do campo, também, dão ao time Alemão a técnica necessária, seja pela esquerda com Lahm, pelo meio com Schweinsteiger e Özil e na frente com Podolski e Müller. O que dizer então de Klose, um centro-avante nato, que não engrena nos clubes, mas que na seleção faz gol atrás de gol.

E assim, aos 2 minutos de jogo, em bola parada pela lateral de campo e uma falha grotesca da zaga Argentina, mas, principalmente, de posicionamento do goleiro, Romero, a Alemanha abriu o placar prematuramente, quebrando toda a estratégia tática da Argentina – se é que Maradona sabe o que é isso. Mas ainda que saiba, teve que colocar o seu time para frente para empatar o jogo no primeiro tempo e a Alemanha, marcando com todos os seus jogadores atrás da linha da bola até o meio de campo e depois fazendo duas linhas de quatro, praticamente não correu riscos durante todo o primeiro tempo. Poderia até ter matado o jogo ali, mas respeitou a Argentina demais e ficou assim, 1 x 0, nos primeiros 45 minutos.

Na volta do intervalo, viu-se, ainda mais, a diferença não só de equipe para equipe, mas das instruções e visão de jogo do comandante alemão no vestiário. Joachim Löw, percebendo que poderia ter matado o jogo no primeiro tempo, reposicionou a equipe Alemã de forma um pouco diferente, deixando Özil com Klose na frente da linha da bola na marcação e as duas linhas de quatro para marcar, fazendo marcação por zona e não individual em Messi que, mais uma vez, esteve em tarde (na África do Sul) não muito inspirada.

Deixando de respeitar tanto a Argentina, explorando quase todas as jogadas pela lateral esquerda dos Hermanos e com um futebol soberbo de Schweinsteiger, a Alemanha chegou ao segundo gol, ao terceiro e ao quarto com facilidade, e com um bonito e solto toque de bola. Frise-se a grata e jovem surpresa alemã chamada Thomas Müller, que foi um dos pivôs – literalmente – a ajudar a sepultar a Argentina ao som do mais melancólico tango. Mas não foi “por una cabeza” que a Argentina ficou de fora da Copa, e sim, a quatro longos e doloridos corpos de distância.

Deutschland über alles! Agora está fácil de acreditar!

Crédito da foto: UOL

INCRÍVEL!

Junte pelo menos mais uma dúzia de palavras que expressam o que foi a partida entre Gana e Uruguai e será pouco. Enquanto o brasileiro ainda afogava as mágoas da eliminação, as duas equipes, dois “intrusos” das quartas de final, fizeram história. Não, não é da boca pra fora, foi histórico mesmo. Foi impressionante. Incrível. Um jogo que na bola já foi bom, mas na emoção talvez tenha sido insuperável. É difícil imaginar, mesmo com grandes duelos pela frente, que nesta Copa do Mundo algo vá superar essa partida. Duas seleções guerreiras de verdade, não só de propaganda de cerveja, que não mereciam nada além da classificação. Infelizmente, para Gana isso não é possível. Poderiam mandar a Holanda pra casa e dar a vaga às duas equipes. E a sexta-feira terminou com dois cartões vermelhos: de um vilão e de um herói. Sempre gosto mais dos heróis, eles são guerreiros.

Quem esteve no Soccer City hoje viu algo que eu gostaria de ter visto de perto. No entanto, ninguém imaginava que a partida mais “desdenhada” das quartas de final fosse tomar contornos históricos. De um lado, a única sobrevivente africana da Copa, a briosa seleção ganesa. Do outro, a lendária “Celeste Olímpica”, que ninguém dava nada no início da competição. Duas “zebras” que provaram o contrário em campo. Com a bola rolando foi o Uruguai que começou em cima. Dominou as ações ofensivas na primeira metade do primeiro tempo e obrigou o goleiro Kingson a fazer ótimas defesas. Mas o que parecia um jogo fácil para os uruguaios, mudou da água pro vinho. Gana apertou, tomou o controle do jogo e praticamente se igualou na posse de bola, além de contar com a contusão de Lugano. E quando todo mundo já se ajeitava pra levantar do sofá, aos 47, Muntari se aproveitou da liberdade que “ganhou” dos defensores uruguaios e chutou de longe pra abrir o placar.

Na segunda etapa, quase tudo parecia repetir a primeira. Uruguai começando melhor, pressionando, e Gana acuada, esperando um contra-ataque. A diferença foi Forlán. O camisa 10 uruguaio tirou sua seleção do “quase” ao marcar em cobrança de falta, na esquerda, da entrada da área. O chute seco e cheio de curva pegou o goleirão ganês com as calças na mão. Virada uruguaia? Não. O jogo seguiu pro ritmo da primeira etapa e Gana voltou a dominar a partida. As chances foram surgindo de cada lado e o cronômetro foi o único a conseguir parar as duas equipes de, pelo menos, tentarem a vitória. Prorrogação e mais sofrimento pela frente. Hora de entrar para a história.

Nos dois tempos Gana foi um pouco melhor, mas as duas equipes, não por acaso, pareciam não ter mais fôlego para pressionar o adversário. A disputa de pênaltis parecia o caminho mais óbvio. Até que algo impressionante aconteceu. Último minuto do segundo tempo da prorrogação, e última também era a chance ganesa em cobrança de falta alçada à área. A defesa uruguaia salvou a primeira, mas na segunda não tinha jeito. Gana faria o gol. Não fez. Suárez, como um hábil goleiro, meteu a mão na bola e salvou o gol em cima da linha. Um sacrifício, um ato de desespero. Pênalti e cartão vermelho para o uruguaio. Tudo estaria acabado ali e já seria incrível. Só dependia do ótimo Asamoah Gyan. “Acabou”, eu pensei. Errei. Não mais do que o camisa 3 ganês. O pênalti da classificação inédita explodiu no travessão de Muslera. Inacreditável.

Nas cobranças de pênalti, Gyan se redimiu e fez o dele. Assim como Forlán, Victorino e Scotti, além do ganês Appiah. O uruguaio Maxi Pereira perdeu a quarta cobrança, chutando a Jabulani na lua, mas contou com os péssimos cobradores ganeses e com o goleiro Muslera. Mensah e Adiyiah perderam na sequência e Loco Abreu teve sangue frio para dar sua famosa “cavadinha” e acabar com a disputa. Pobre Gana, bravo Uruguai. Por hora, todos os jogos dessa Copa serão lembrados naqueles caros almanaques lançados em todo ano de mundial, mas esse terá uma página especial. Foi sensacional. Parabéns às duas seleções pelo espetáculo de raça e determinação que deram. E depois de 40 anos, o Uruguai volta a uma semifinal de Copa do Mundo. A Celeste voltou, e o Brasil, o país do futebol, quando volta? Será no dia de “São Robinho”, hein, dona Nike?

Créditos da foto: GE.