sábado, 3 de julho de 2010

INCRÍVEL!

Junte pelo menos mais uma dúzia de palavras que expressam o que foi a partida entre Gana e Uruguai e será pouco. Enquanto o brasileiro ainda afogava as mágoas da eliminação, as duas equipes, dois “intrusos” das quartas de final, fizeram história. Não, não é da boca pra fora, foi histórico mesmo. Foi impressionante. Incrível. Um jogo que na bola já foi bom, mas na emoção talvez tenha sido insuperável. É difícil imaginar, mesmo com grandes duelos pela frente, que nesta Copa do Mundo algo vá superar essa partida. Duas seleções guerreiras de verdade, não só de propaganda de cerveja, que não mereciam nada além da classificação. Infelizmente, para Gana isso não é possível. Poderiam mandar a Holanda pra casa e dar a vaga às duas equipes. E a sexta-feira terminou com dois cartões vermelhos: de um vilão e de um herói. Sempre gosto mais dos heróis, eles são guerreiros.

Quem esteve no Soccer City hoje viu algo que eu gostaria de ter visto de perto. No entanto, ninguém imaginava que a partida mais “desdenhada” das quartas de final fosse tomar contornos históricos. De um lado, a única sobrevivente africana da Copa, a briosa seleção ganesa. Do outro, a lendária “Celeste Olímpica”, que ninguém dava nada no início da competição. Duas “zebras” que provaram o contrário em campo. Com a bola rolando foi o Uruguai que começou em cima. Dominou as ações ofensivas na primeira metade do primeiro tempo e obrigou o goleiro Kingson a fazer ótimas defesas. Mas o que parecia um jogo fácil para os uruguaios, mudou da água pro vinho. Gana apertou, tomou o controle do jogo e praticamente se igualou na posse de bola, além de contar com a contusão de Lugano. E quando todo mundo já se ajeitava pra levantar do sofá, aos 47, Muntari se aproveitou da liberdade que “ganhou” dos defensores uruguaios e chutou de longe pra abrir o placar.

Na segunda etapa, quase tudo parecia repetir a primeira. Uruguai começando melhor, pressionando, e Gana acuada, esperando um contra-ataque. A diferença foi Forlán. O camisa 10 uruguaio tirou sua seleção do “quase” ao marcar em cobrança de falta, na esquerda, da entrada da área. O chute seco e cheio de curva pegou o goleirão ganês com as calças na mão. Virada uruguaia? Não. O jogo seguiu pro ritmo da primeira etapa e Gana voltou a dominar a partida. As chances foram surgindo de cada lado e o cronômetro foi o único a conseguir parar as duas equipes de, pelo menos, tentarem a vitória. Prorrogação e mais sofrimento pela frente. Hora de entrar para a história.

Nos dois tempos Gana foi um pouco melhor, mas as duas equipes, não por acaso, pareciam não ter mais fôlego para pressionar o adversário. A disputa de pênaltis parecia o caminho mais óbvio. Até que algo impressionante aconteceu. Último minuto do segundo tempo da prorrogação, e última também era a chance ganesa em cobrança de falta alçada à área. A defesa uruguaia salvou a primeira, mas na segunda não tinha jeito. Gana faria o gol. Não fez. Suárez, como um hábil goleiro, meteu a mão na bola e salvou o gol em cima da linha. Um sacrifício, um ato de desespero. Pênalti e cartão vermelho para o uruguaio. Tudo estaria acabado ali e já seria incrível. Só dependia do ótimo Asamoah Gyan. “Acabou”, eu pensei. Errei. Não mais do que o camisa 3 ganês. O pênalti da classificação inédita explodiu no travessão de Muslera. Inacreditável.

Nas cobranças de pênalti, Gyan se redimiu e fez o dele. Assim como Forlán, Victorino e Scotti, além do ganês Appiah. O uruguaio Maxi Pereira perdeu a quarta cobrança, chutando a Jabulani na lua, mas contou com os péssimos cobradores ganeses e com o goleiro Muslera. Mensah e Adiyiah perderam na sequência e Loco Abreu teve sangue frio para dar sua famosa “cavadinha” e acabar com a disputa. Pobre Gana, bravo Uruguai. Por hora, todos os jogos dessa Copa serão lembrados naqueles caros almanaques lançados em todo ano de mundial, mas esse terá uma página especial. Foi sensacional. Parabéns às duas seleções pelo espetáculo de raça e determinação que deram. E depois de 40 anos, o Uruguai volta a uma semifinal de Copa do Mundo. A Celeste voltou, e o Brasil, o país do futebol, quando volta? Será no dia de “São Robinho”, hein, dona Nike?

Créditos da foto: GE.

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