Hoje acordei com o peito doendo, garganta apertada, pensando somente em um lugar. Único lugar no mundo em que, hoje, gostaria de estar. Mas não estarei. Não estarei hoje, não poderei mais estar em nenhum dos amanhãs que virão. Não sou saudosista, mas reconheço o valor do que passou e de coisas tradicionais. Reconheço, também, que mudanças são incontroláveis e, muitas vezes, imprescindíveis, mas nem por isso deixo de sofrer por aquilo que é necessário sacrificar em favor de algo novo. Hoje sofro, não há como e nem motivo para negar.
Agora virá o futuro. Uma Arena nova, diferente, “moderna”. Não será mais como hoje e confesso que, apesar de boas novidades, muitas coisas tão importantes ficarão para trás... Não é lamentação, mas constatação do que é comum. A vida é assim, a história é assim, é dessa forma que as coisas acontecem. E aceitando as mudanças, desejando muito que tudo dê certo e que a Arena traga benefícios, também desejo que não tirem o nosso lugar de lá. É tão difícil não tremer quanto não sentir raiva ao ler o que o repugnante J. Hawilla disse há algum tempo atrás, que dá orgulho ver gente pagando R$ 300 num ingresso, que a turma que fica na geral deve ficar em casa porque não consome nada e não interessa mais ao futebol. É besteira não considerar que pensamento desse tipo não poderá resultar numa novidade inacessível a quem tanto amou e viveu no Palestra Itália. E por tratar-se de assunto tão preocupante, infelizmente, não poderia deixar passar. Resta-nos esperar e cobrar o bom senso das pessoas no poder. Mas, por hoje, quero falar do Palestra que hoje ainda temos.
Estive no Palestra Itália, de corpo presente, por apenas três vezes, entre 2009 e 2010. Gostaria de poder ter pisado mais naquele chão marcado por tantas histórias de glórias, de dores, alegrias, revoltas, tristezas, euforias, amor, raivas, sonhos, desejos, paixão, Palmeiras. Gostaria, não foi possível, sei que fiz sacrifícios para estar nas poucas vezes possíveis. Mas nem por isso deixei de me sentir lá, como se realmente estivesse, por centenas de vezes durante minha infância e adolescência. Era como um sonho e, posso garantir, ao pisar pela primeira vez naquele lugar, na tarde de 7 de junho de 2009, para ver o Palmeiras vencer o Vitória por 2x1, de virada, com gols de Ortigoza e Maurício Ramos, eu senti como se estivesse num lugar do meu cotidiano, lugar que sempre freqüentei. Sabe quando você diz que “esse é o meu cantinho no mundo, o meu lugar”? Eu me senti assim porque, mesmo que não tenha freqüentado tanto quanto gostaria, aquele é meu lugar. Meu e de tantos outros milhares.
É até engraçado que eu tenha presenciado, justamente, uma vitória, um empate e uma derrota; um dia de muito frio, um dia de frio e chuva, um dia de sol (e chuva). Mas ao fechar os olhos agora, só consigo pensar em duas coisas: o vento no rosto e uma imagem de comemoração de gol. E há um hino que toca em minha mente, um hino que me faz lembrar uma grande história de superação de homens e mulheres que sempre lutaram muito por essa nossa paixão. Nós ainda vamos lutar muito, eu sei. Não acredito nessas coisas, mas parece que essa luta incessante é como um destino traçado lá por meados de 1914. E o Palmeiras, como sempre aconteceu depois de tanta lutar, continuará de todos nós. Ao menos é o que espero, sonho, desejo, não permitiríamos coisa diferente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário