segunda-feira, 18 de maio de 2009

O MÉDICO E O MONSTRO

Há quanto tempo não vivíamos entre o céu e o inferno, como em 2009? Esse clima de tempestade e calmaria já vem desde a pré-temporada, quando o time era considerado fraco e nem atacantes tínhamos. Semanas depois estreamos no Paulistão e começamos a ganhar uma atrás da outra mostrando um belo futebol. Chegamos em maio. Na Libertadores, estamos nas quartas de final e vivemos dias de grande alegria. Nem uma semana depois veio uma derrota para o Internacional, no Sul, do meu ponto vista considerada normal. E o mundo voltou a cair. Por que isso acontece com o Palmeiras? Será que não temos mesmo o time que pensamos? Ou será que nossa maior limitação fica por parte da torcida?

O jogo

Primeiro ponto e principal: jogamos mal. Poucas vezes em 2009 fizemos uma partida tão fraca, inclusive na criação, como a de ontem. Ficamos sem alternativas pelas laterais e sem inspiração pelo meio e, como nada acontecia lá na frente, atrás era um Deus nos acuda. O mau posicionamento não foi dos zagueiros, mas sim da marcação dos meias, muito frágil e atrasada. Como conseqüência do “catado” em campo na tarde de ontem, o visitante acabou sendo morto no contra-ataque, coisa que jamais pode acontecer fora de casa.

Palmeiras

Motivos são vários para termos perdido. O Verdão de 2009 é um time com coragem, já comprovada mais de uma vez, mas que oscila graças à falta de entrosamento e de experiência de alguns jogadores. Somos capazes de fazer partidas memoráveis e emocionantes e, ao mesmo tempo, de oferecer espetáculos de péssimo futebol e apatia. Alternamos boas e más partidas, inclusive taticamente, mas o momento é de crescimento, o próprio setor defensivo tem feito jogos melhores. E para ter uma equipe perfeitamente entrosada precisamos de paciência, aliás, de muita paciência. Entrosamento e elenco são coisas que não se constroem da noite para o dia, quanto mais no atual futebol brasileiro.

Internacional

O Inter tem um belo time. Sim, tem, mas nada fora do comum. Tem pontos falhos como todos os outros, mas tem uma vantagem que apenas o Cruzeiro e o São Paulo também têm: entrosamento. Mas não se engane, a paciência do “colorado” também foi grande. Com praticamente o mesmo time desde 2007, o clube gaúcho soube fazer renda com os sócios e com as revelações da base para então conseguir manter o bom nível do elenco. E diga-se de passagem, neste ponto eles estão a anos luz de nós. Isso não foi sinônimo de grande sucesso. Entra ano e sai ano o Inter vem sendo apontado como um dos melhores times, cheios de estrelas, favoritos a tudo. E não passou de Campeonato Gaúcho e o título e maior expressão foi uma Sulamericana. O momento da equipe vermelha e branca é o melhor desde a conquista da Libertadores de 2006 (chupa Ceni!).

Torcida

A falta de compreensão e de bom senso do palmeirense são marcas registradas, não é de hoje. Mais do que isso, nosso problema é a “rabugice”, isso quando não nos achamos demais. Até às 16h de domingo o Palmeiras era o melhor time do Brasil, seria campeão da Libertadores, “Dubai aí vou eu”. Depois disso caímos do cavalo. Só que cair do cavalo para o palmeirense significa “fim do mundo”. Desde então vivemos uma “revolução armada”. Quando isso acaba? Domingo, se vencermos o São Paulo no Palestra. Se não vencermos é bom fugir para as montanhas.

Brasileirão

Eu sou uma pessoa que não defende a adequação do nosso calendário ao europeu, mas alguma coisa poderia ser feita. É fácil constatar que o início do Brasileirão todo ano é de extrema falta de emoção, porque a maioria dos times, aliás, dos favoritos, estão envolvidos em competições paralelas e, obviamente, dando prioridade a elas. Até os grandes entrarem de cabeça no torneio ainda vão mais algumas rodadas. O bicho só vai pegar para valer em julho e, até lá, clubes, jogadores, torcedores e TV só terão olhos para Libertadores e Copa do Brasil. Perder um jogo fora nessa altura do campeonato não é catástrofe nenhuma, e sim uma coisa que deve acontecer muito até o desfecho da competição, devido ao nível similar das equipes, que só conseguem se diferenciar com o chamado “fator torcida”.

Diretoria

Sim, há um culpado, e ele não é o Belluzzo. Mas poderá ser o professor o responsável por uma guinada na administração do Palmeiras. Não dá para contarmos com vendas de jogadores, patrocínios e cotas de televisão para nos sustentarmos. É necessário um projeto muito bem feito para angariar sócios. Enquanto nosso adversário de ontem, o Internacional, tem mais de 70 mil sócios, o Palmeiras que figura entre as 5 maiores torcidas do Brasil, não vê seu contingente passar de muito mais do que 5 mil, enquanto nossa maior organizada tem 20 mil sócios. A importância é grande, pois assim teríamos uma renda fixa todo mês. Outro problema considerável são nossas categorias de base. Não adianta querer dar o pé na bunda da Traffic enquanto não podermos contratar com recursos próprios. Não conseguimos formar um time competitivo sem a empresa de marketing esportivo. Enquanto o mesmo Inter revela Pato, Nilmar, Renan, Tayson, Sandro, entre outros, nós revelamos quem? Nossa base é frágil e mal administrada. É preciso olhar com muito carinho para isso, talvez até mais do que com o time principal. É o nosso futuro. Se quisermos deixar de depender de parcerias, escusas ou não, para brigarmos por títulos só temos esse caminho a seguir.

Final de maio

O mês chegou a sua segunda metade e teremos Libertadores e clássico regional pela frente. Que o time continue trilhando um bom caminho, que a diretoria se mexa e reforce o elenco, que consigamos deixar a torcida menos impaciente. Para o palmeirense um recado: sossega o facho, deixe de reclamar de barriga cheia, agora não é hora para chilique. Já passamos da época de grandes equipes, quando cada time tinha mais de 3 craques, e que um logo disparava por sua soberania técnica. Hoje não, o futebol está muito igual, ainda mais em terras brasileiras. E então, para que pânico? Se não temos um timaço, quem tem?

Um comentário:

  1. olha, eu fiquei com raiva, mas tb não achei o fim do mundo... até pq era um tanto qto previsível...

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