quinta-feira, 19 de março de 2009

PARA SEMPRE DIVINO

Por Mayara e Vanessa

Como a torcida reagiria se Palmeiras e Corinthians fizessem um “combinado” para jogar contra alguma outra equipe? E mais, vestindo a camisa do outro clube em cada tempo?

Depredaria o clube? Picharia os muros? Protestaria em pública praça? Pediria a cabeça do técnico ou o afastamento do presidente? Alguma outra opção absurda?

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Em 1992, 62 anos depois da última parceria, o Combinado ressuscitou, quando o Palestra já era Palmeiras havia meio século. Os rivais se uniram para o amistoso no Maracanã, promovido pela cervejaria Brahma e com renda revertida para quatro entidades beneficentes.O evento foi tratado como "O Jogo da Paz". O combinado usou a camisa dos dois times, uma em cada tempo.


Data: 23 de janeiro de 1992.

Local: Maracanã.
Juiz: José Aparecido de Oliveira.
Gols: Paulo Sérgio 34', do 1º tempo; Tupãzinho 14', Bebeto 40' do 2º tempo.
Palmeiras-Corinthians: Carlos (P) Ronaldo (C), Giba (C), Marcelo (C), Guinei (C) e Dida (P) Odair (P), César Sampaio (P), Wilson Mano (C) Erasmo (P), Neto (C) Tupãzino (C), Edu Marangon (P), Evair (P) e Paulo Sérgio (C). - Técnico Carlos Alberto Parreira
Vasco-Flamengo: Gilmar, Luiz Carlos Winck, Gottardo, Alexandre Torres e Eduardo (Piá), Charles Guerreiro e Júnior, Willian, Zinho Bebeto e Gaúcho.




* Trecho retirado do 3VV – Causo do Jota e do site Palestrinos.

Os dois times já fizeram essa parceria 4 vezes: 1917, 1929, 1930 e 1992.

PS: O exposto acima não é uma justificativa para o assunto em questão, mas é algo para reflexão.

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“Considerado o maior ídolo da história do Palmeiras, Ademir da Guia tomou uma atitude polêmica: vestiu a camisa dez do São Paulo - com o nome de Hernanes - em uma confraternização.
(...)
A confraternização ocorreu no CT das categorias de base do São Paulo, em Cotia, e contou com a presença de vereadores e de assessores da capital paulista. O convite foi feito pelo superintendente de futebol do Tricolor, Marco Aurélio, que também é vereador. Todos os presentes disputaram uma partida de futebol e almoçaram no local”.
*Gazeta Press



Todos sabem que o “toquinho de amarrar jegue” não tem escrúpulo algum, isso é fato. Chamar o Divino para esse evento foi muito mais que politicagem, foi uma sacanagem, principalmente porque ele conseguiu atingir seu objetivo: chamar atenção e cutucar o Palmeiras.

O que será que o incomoda tanto? O fato de termos tantos ídolos e do maior deles se identificar realmente com o Palmeiras? Inveja de termos uma história limpa e digna, enquanto eles tiveram que mendigar para sobreviverem e, assim, tentam sujar a nossa história? Inveja de termos uma torcida apaixonada e que apóia o time seja contra o Noroeste (nada contra esse time) ou em final de campeonato? Coitados...quiseram atenção e tiveram.

Usaram o Divino, abusaram de sua inocência e boa vontade – e também de seu lado político – mas jamais conseguirão manchar a nossa história, fazendo quem for vestir esse trapo colorido. Esse desejo constante que eles têm de usurpar o patrimônio e idéias dos outros não tem fim, e agora até os ídolos eles querem. Foi uma verdadeira HONRA para eles o Ademir vestir esse lixo.

Em campo, ele foi imortal. Foram quase 17 anos defendendo o Palmeiras, 17 títulos, 901 jogos, 157 gols marcados e uma história inigualável e invejável. É o maior ídolo do alviverde imponente, do Campeão do Século XX!

Fora de campo, um mortal e passível de erros, como nós. E também ingênuo, como alguns de nós. Seguiu a vida política, se envolveu em problemas, mas nada que nos importe verdadeiramente. Como bem disse Mauro Beting, “Quem conhece o homem por trás do mito sabe que Ademir vestiria a camiseta de Bin Laden se jogasse futebol indoor numa caverna afegã. Ele é assim. É o jeito dele”.

Nesta semana ouvimos infâmias e ofensas ao nosso ídolo. Quiseram até destruir o busto ou colocar um saco preto em protesto! Mais uma vez, recorro ao Mauro Beting: “O fundamentalismo faz mal à saúde e a à inteligência”. Ele não é maior que o Palmeiras, mas ajudou a construir capítulos valiosos e vitoriosos e merece todo nosso respeito e consideração. Muitos estão fazendo exatamente o que o SPFW quer: disseminando a discórdia.

As donzelas assaltantes (crédito para Ana Maria) não são rivais, disso já sabemos. São inimigas históricas. Mas não é pelo fato ocorrido que o Divino vai se tornar inimigo do Palmeiras. Ele já mostrou incansavelmente que tem o coração alviverde.

Àqueles que ainda se revoltam, mantenham a calma e o bom senso. Leiam mais sobre a história do nosso glorioso Palmeiras. Entenda que o apelido – que já virou nome – não foi dado e mantido por tanto tempo à toa. Ele mereceu e continua merecendo. Para todo sempre: Divino!



Ademir da Guia
João Cabral de Melo Neto

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o

Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.


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Numa época de glórias, ele era o maior.
Numa época de craques, ele era diferenciado
Numa época de futebol-arte, ele era o artista principal.
Numa época em que ninguém mudava de time, ele era a estrela.
Numa época de qualidade, ele fazia a diferença.
Numa época de deuses, só ele recebeu o apelido.
Numa época de história, ele fez a história.
Ademir, o Divino.

Por Manuel Martinez Gomes

Um comentário:

  1. Eles sempre serão nosso maiores rivais.
    Nós somos o inverso deles..e vice versa.
    Bonito texto!

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