Pode pintar mais um gol do Náutico no contra golpe (Portuguesa x Náutico, Rede TV, 19/11/2005)
[o Corinthians] não quer se expor ao contra-ataque (Corinthians x Inter, TV Globo, 20/11/2005)
Defesa:
O time do Internacional jogando no campo de defesa (Corinthians x Inter, Rádio Transamérica, 20/11/2005)
Artilheiro:
Cê acha que o Tevez vai sê o artilheiro do campeonato? (Programa Gazeta esportiva, TV Gazeta, 06/11/2005)
Bomba, explosão:
Chuta uma BOM: ::ba uma bomba (São Paulo x Portuguesa, TV Gazeta, 31/03/2005)
uma bomba a bola explodiu pra cima do Gustavo Nery (Corinthians x Ponte, TV Globo, 27/11/2005)
A bola explodiu no peito do Rogério Ceni (São Paulo x Quilmes,TV Globo, 16/03/2005)
Tiro:
Falhô o goleiro falhô porque nu foi um tiro forte do Almir (Grêmio x Portuguesa, Rede TV, 12/11/2005)
Perigo, perigoso:
Um ataque perigosíssimo do Paulista (São Paulo x Paulista, TV Globo, 06/03/2005)
Olha o Internacional chegando com perigo (Corinthians x Inter, TV Globo, 20/11/2005)
Matar, morrer:
Por baixo Anderson mata a jogada (Corinthians x Palmeiras, Rádio Transamérica, 20/03/2005)
Aí vem trabalhando o time do Goiás... nu tá morto nu jogo não (Corinthians x Goiás, TV Globo, 04/11/2005)
Armar, desarmar:
Vem Bruno Otávio desarmando o ataque do time colorado (Corinthians x Inter, Rádio Transamérica, 20/11/2005)
Tenta armar outra vez o ataque, mete pela linha lateral (Corinthians x Inter, Rádio Transamérica, 20/11/2005)
Engatilhar, disparar, descarregar, fuzilar:
Tevez dominô engatilhô (Corinthians x Palmeiras, Rádio Transamérica, 20/03/2005)
Bola disparada... vai pela linha de fundo (Corinthians x Santos, Rádio Transamérica, 2º tempo, 06/11/2005)
Fabinho tenta descarrega outra vez pro campo de ataque (Corinthians x Santos, Rádio Transamérica, 2º tempo, 06/11/2005)
Deu um drible na cara do Rogério e fuzilô (São Paulo x Paulista, TV Globo, 06/03/2005)
Território: Perder, ganhar, invadir.
Tevez invadiu a área... corta Daniel (Corinthians x Palmeiras, Rádio Transamérica, 16/10/2005)
O Corinthians começô a perdê o meio de campo (Corinthians x Inter, TV Globo, 20/11/2005)
Massacre:
O massacre no Pacaembu [Corinthians 7 x Santos 1] (Programa esportivo, TV Bandeirantes, 06/11/2005)
Combate:
O Wendel é o primeiro a dá combate (Corinthians x Inter, Rádio Transamérica, 20/11/2005)
Retirado de: As metáforas do futebol brasileiro – Deize Crespim Pereira.
Exemplos de notícias comuns em sites sobre esporte (GE):
Elton aposta em duelo de ‘matadores’ com Marcelo Nicácio
O confronto deste sábado entre Vasco e Fortaleza, no Castelão, pela Série B do Campeonato Brasileiro, vai marcar o duelo dos dois principais artilheiros da competição.
'Matador' Felipe cai nas graças da torcida
"Uhh! Felipe é matador." O coro da torcida foi o maior presente para Felipe por mais uma boa atuação.
Aos 29 anos, o atacante venceu também o duelo com Túlio Maravilha, que tem quatro gols no Campeonato Goiano, 868 na carreira e sonha ainda chegar ao milésimo.
Barça reencontra Eto’o no Camp Nou com obrigação de vencer para seguir vivo
o Flu tem pela frente no Brasileirão um adversário "morto"
Não pensem que Sport está morto porque não está
Para atleticanos, gols sofridos no início dos jogos ‘aniquilam’ tática do time
Galo promete redobrar atenção contra o Palmeiras para praticar estratégia de contra-ataques: ‘Não dá mais para levar gol bobo’, diz Éder Luís
Geninho lamenta a falta de pontaria do Timbu
Mano vai a Porto Alegre para jantar em comemoração à 'Batalha dos Aflitos'
Na próxima quinta-feira, dia 26 de novembro, o Grêmio comemora quatro anos da épica "Batalha dos Aflitos"
Nilmar prevê clima de revanche após massacre do Inter sobre o Ju em 2008
Eu poderia me cansar de selecionar páginas e mais páginas de notícias, frases, trechos de discursos da imprensa, jogadores e torcedores que exemplificassem a utilização de metáforas relacionadas à guerra no futebol. É comum, qualquer pessoa que tenha o mínimo de contato com futebol nota. Está na nomenclatura que se dá a determinados jogadores: arqueiro, artilheiro, capitão. Está no discurso sobre os jogos: luta, batalha, massacre.
O jogo de futebol é uma batalha, o adversário é um inimigo. Os times defendem e atacam. O goleador é artilheiro, matador, solta bombas, tiros, fuzila o goleiro. O ataque precisa ser ofensivo, a defesa precisa manter posse do território. O técnico é estrategista. A camisa tem o escudo do time. O importante é que a defesa seja forte, o ataque certeiro precisa ter pontaria e demonstrar agressividade para matar o adversário. O meio de campo deve criar jogadas ofensivas, avançar, furar bloqueio, investir, levar perigo ao campo do adversário, massacrar. E se massacra, significa que o inimigo foi liquidado e morto, que a luta trouxe vitória.
Se isso influencia de forma violenta ou não é questão para outras reflexões. Em todo caso, está claro que toda a estrutura de um jogo de futebol remete à linguagem da guerra. Isso é absorvido pela torcida, que participa, que se sente integrante daquilo tudo. Os termos “perdemos”, “vamos vencer”, “somos campeões”, são comuns, demonstrando que torcidas se identificam com os times, como se fossem parte dele, não se sentem como algo separado. Se o time vence, a torcida venceu, se o time massacra o adversário, a torcida afirma “massacramos”. Quando confiante em um jogo, a torcida afirma “vamos acabar com eles”, “vamos massacrá-los”, “vamos matá-los”. Enfim, cheguei ao ponto que queria.
Se imprensa, jogadores, técnicos, cartolas e torcedores utilizam-se constantemente dessas metáforas, sem nunca haver censura alguma e sequer afirmação de que é algo que poderia incitar a violência, eu me pergunto por que tamanho alarde em relação à declaração de Belluzzo, em uma festa privada de parte da torcida do Palmeiras, sobre o São Paulo no campeonato. Pergunto-me porque agora tanta polêmica em torno do fato do presidente do Palmeiras ter tido “vamo matar os bambi, eles já morreram hoje”, no dia que um dos maiores “inimigos”/rivais, concorrente direto ao título, que no momento ameaçava tirar a liderança do Palmeiras no campeonato, perdeu um jogo e a oportunidade de colocar risco ao então líder do Brasileirão 2009.
Notem que ele não disse “matem os bambis”, mas sim, “vamo matar os bambi”, fazendo uma referência direta ao que ele acreditava que o time iria fazer com o rival no campeonato, o que se evidencia pelo fato de ter completado com “eles já morreram hoje”, referindo-se à derrota do rival no jogo que ocorreu naquele dia. Portanto, Belluzzo não estava “mandando matar” os bambis, mas sim afirmando que o Palmeiras iria matar os bambis, que, aliás, já estariam mortos no campeonato.
Algo tão simples, declaração tão comum, em uma festa privada da torcida, nada demais. É por isso que toda essa repercussão e até a notícia de um inquérito policial contra o presidente são coisas que me fariam rir, se não fosse uma evidência tão trágica de falta de bom senso comum. Sinceramente, poderia ser quem fosse: o presidente do Palmeiras, do Curintchas, dos Bambis, do Sport, do XV de Piracicaba, poderia ser o Adriano, o Gordo, o Marcos, o Diego Souza, o Carlinhos Bala, um torcedor qualquer como eu, quem fosse, seria a mesma coisa, algo comum na linguagem do futebol, só vê maldade quem quer.
E nesse caso é claro que há uma tentativa de fazer alarde e acabar ainda mais com o trabalho do Belluzzo que já se encontra em problemas - e isso me lembra de certas pessoas que não merecem ser mencionadas, que andam aparecendo muito por aí e de quem há rumores de que estão tentando tirar Belluzzo do poder no Palmeiras. Mas a polêmica na imprensa e entre torcedores não me parece coisa de gente esperta e tendenciosa não, é burrice mesmo, falta de pensar, raciocinar, falta de bom senso e lógica. É vergonha, é ridículo. Tenha dó. Esse promotor público, Paulo Castillo, que pediu a abertura de um inquérito sobre as palavras de Belluzzo - inquérito que poderá pedir a saída de Belluzzo da presidência do Palmeiras -, ou está bem relacionado com quem quer isso, ou é um sem noção total mesmo. Cuidado, daqui a pouco vão abrir um inquérito contra este blog.
Então minha gente, vamos parar de cair nessa imbecilidade geral e ler um pouco, estudar, pensar, refletir. Sugiro uma leitura interessante, de uma Doutora da USP, Deize Crespim Pereira, sobre metáforas no futebol.
O detalhe mais importante é:
ResponderExcluirIsso ocorreu há mais de um mês. Alguém ali por acaso matou ou tentou matar alguém depois das palavras do Belluzo.
É fogo. Quando tínhamos um presidente marmota que não abria a boca para questionar nada, não tinha perseguição.
O pior de tudo é que a reiteração das atrocidades imbecis praticadas pelos promotores e ¨jornaleiros¨ contar o Palmeiras vai irritando os torcedores. Um dia isso explode e algum leva um murro na fuça no meio da rua, vão dizer que a culpa é do presidente que ficou incitando a violência.
Paciência tem limite, é bom que alguém avise.
Gosto muito do blog de vocês e também estou revoltada com a forma que a grande imprensa, dizendo-se politicamente correta, está tratando o assunto. Recomendo a entrevista do Prof º Belluzo no Provocações da Cultura (http://www2.tvcultura.com.br/provocacoes/programa.asp?progid=439)
ResponderExcluirAh, estou com problemas de ler esse blog no meu reader, se vocês puderem arrumar o rss eu gradeço!
Renata, o texto está delicioso e preciso
ResponderExcluirabraço
Marcel