sexta-feira, 11 de junho de 2010

ANÁLISE - A SELEÇÃO DE DUNGA


Por Sergio Bellangero


A Seleção canarinho é a cara do Dunga. E não vou criticá-la por isso. Dunga foi um jogador raçudo, pegador, volante bruto, às vezes, de pouca técnica, mas muita fibra. Resumindo, essa é a Seleção Brasileira de 2010. Para uma seleção por onde desfilaram craques inúmeros e, muitas vezes, muitos craques na mesma seleção, essa consegue não ter nenhum. Ok, alguns dirão que Kaká é craque. Não na minha opinião! Muito bom jogador, mas craque? E será que é preciso craques para formar um time campeão? Acho que a resposta é não. Itália, tetra campeã Mundial, e Alemanha, tri, tiveram sim os seus craques, e muitos, mas sempre se prevaleceram de uma máxima pouco utilizada pelos brasileiros: “futebol é conjunto”! E isso não se pode negar que o Dunga montou. Não, não um conjunto de volantes, apenas. É um conjunto, um grupo, um elenco, um time fechado com o seu técnico, sem estrelismo e proposto a fazer o que ele quer. A pergunta é: será que isso dá certo com o “habilidoso” Brasil? Oras...em 94 deu! Mas em 94 tínhamos Mazinho, Zinho, Bebeto e ele, Romário. Difícil comparar. Tecnicamente, pois, pode-se dizer que é a seleção menos “encantada” de todas as que eu já vi.

Taticamente, vê-se de novo a cara do treinador. Possuímos, talvez, a melhor zaga e goleiro da Copa. Isso se o Julio Cesar não estiver, mesmo, machucado. Já nas laterais, Maicon agrada pela direita. Do outro lado, Michel Bastos deixa a desejar no apoio e na marcação, mas o Brasil vive uma safra de fracos laterais esquerdos. A dupla de volantes é a “pequena área” do Dunga, como se Romário fosse no seu “habitat” e, mesmo tendo jogadores melhores no elenco, insiste em escalar Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano. Meu Deus! Para que isso? Gosto não se discute e ele é o técnico. Aceito a experiência e tranqüilidade do Gilberto Silva, mas não engulo Felipe Melo e Elano. O reserva Ramires tem melhor saída de bola que o Felipe Melo, tem melhor passe que o Felipe Melo, puxa contra-ataques melhor que o Felipe Melo, chuta e cruza melhor que o Felipe Melo e por isso, obviamente, é reserva do Felipe Melo! Ok, eu disse que não iria criticar. Vendo Elano como titular me pergunto: o que lá está fazendo o Julio Baptista? Não que eu o ache um craque, longe disso. Mas joga em todas. Talvez até no gol. O Julio Baptista vai bem de segundo volante, vai bem de ala, vai bem no ataque... é um trator, fisicamente, apesar de o Sr. Fabio Capelo já o ter chamado de “piada”. Mas se convocamos a “piada” temos de usá-la, ao menos para rir, se for o caso. Não, não, vamos de Elano, mesmo, de pouca produtividade, vivendo de lampejos de uma “enfiada” ou outra. É pouco. A criação sobra, portanto, para Kaká que sempre que o jogo aperta, some. Será dele a responsabilidade de criação por praticamente todas as jogadas do Brasil. Mas com o grupo levado pelo Dunga não precisaria ser assim...

Um meio de campo com Gilberto Silva, Ramires, Julio Baptista e Kaká (esse não seria o meu, comento baseado na convocação feita) amenizaria a criação em cima só do nosso número 10. Mas não vai ser assim. Nem falarei em Ganso para não cair na mesmice. No ataque, fiquei muito feliz com a convocação de Nilmar e Luiz Fabiano. Para mim, os dois se completam e seriam a dupla de ataque do meu time do coração. Mas o Dunga, contrariando tudo o que foi como jogador, prefere as firulas muitas vezes inúteis de Robinho, a quem considero mais um meia do que um atacante. Falando nisso, é curioso o esquema tático da nossa seleção. Trata-se de um 4-4-1-1. Sim, por que Robinho nem atacante nem meia é. Encostará no Luiz Fabiano no ataque e recuará quando estivermos sendo atacados, mas não a ponto de chegarmos num 4-5-1. Pelo o que pude ver dos amistosos pré-copa esse esquema, aliás, não será privilégio da nossa seleção.

Em suma, vejo um elenco muito bem fechado e com o propósito de jogar uma Copa do Mundo de forma séria! Uma seleção feita para tomar poucos gols! Pode dar certo, sim! Se der, certamente não será com beleza e bom futebol, mas sim como o Dunga jogava, com garra, força de grupo e determinação. Em uma competição como a Copa do Mundo, de tiro curto, em que, após a primeira fase, joga-se apenas um jogo para se passar para a próxima, pode ser que ter um grupo “fechado” e determinado dê certo! Mas se querem saber, eu gosto é de futebol bem jogado! Eu gosto é de ver espetáculo, lances plásticos e jogadas trianguladas. Se for assim com a nossa seleção, torcerei muito. Mas se jogarmos ao estilo Dunga, e ao que tudo indica é o que ocorrerá, meus olhos estarão voltados para Espanha e Holanda que já fazem jus a um título Mundial pelo belo futebol que apresentam e não é de hoje.

Um comentário:

  1. poxa, mandou ver no comentário! apesar de eu não ter entendido muito, talvez por não ser vidrada em futebol(mas não por ser mulher xD). mas com uma coisa eu concordo, não é preciso craques para um seleção vencer, é preciso jogar junto.

    kisses

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