Grupo E - Holanda, Dinamarca, Japão e Camarões
Por Marcos Simonetti
O Grupo E contém duas equipes que promoveram revoluções táticas, duas equipes que despertam simpatias ao redor do mundo e duas equipes que parecem ter passado de seus melhores momentos no passado. Na primeira afirmação, falo de Holanda e Dinamarca; na segunda, falo de Holanda e Camarões, e na terceira falo de Japão e Camarões.
A Holanda tem uma mítica de futebol ofensivo, que surgiu em seu debut em mundiais, na Copa de 74 e sua Laranja Mecânica. O Carrossel Holandês é considerado por muitos a última grande revolução no futebol mundial. Apesar de o Carrossel nunca mais ter se repetido com êxito, tanto pela Holanda quanto por outras equipes, a mística da camisa laranja ficou, tanto que é, entre os não-campeões, o país citado mais frequentemente como favorito nas Copas. Além disso, trata-se de uma seleção com uma ampla gama de jogadores talentosos e artilheiros de sucesso, não apenas na geração de 74, mas também nas demais copas em que participou. Isso cria sempre a expectativa de um time ofensivo e de futebol alegre. Ou alguém já pensou – ou mesmo se lembra – de uma Holanda jogando retrancadinha em um jogo oficial?
O mesmo se sucede em 2010, onde há vários jogadores talentosos na armação e ataque. Kuyt, Sneijder e Van der Vaart armam, Robben é excelente na transição do meio para o ataque e, à frente de todos, Van Persie. Time de muita qualidade, bom poder de fogo, sua classificação no grupo é quase certa, e provavelmente em primeiro lugar.
A Dinamarca também chegou ao futebol causando um furor na Copa de 86. A novidade era uma geração talentosa e um sistema de jogo inovador, o 3-5-2. O técnico Sepp Piontek justificava-se: “se só me atacam com, no máximo, dois jogadores, não preciso de mais que três para me defender”. Aliado a isso, a utilização de alas, e não simples laterais, resultava em um time veloz e extremamente ofensivo. Porém, o mundo não entendeu bem o esquema tático, pois o 3-5-2 acabou sendo sinônimo de retranca, pelo menos no Brasil.
A Dinamarca de hoje é um time bastante modesto, sem grandes destaques internacionais. Para os brasileiros, apenas a lembrança de Jon Tomasson, que nos enfrentou e fez gol em 98. Mas decididamente não se trata de um time de craques. Deve se classificar para a segunda fase, mais pela fraqueza dos adversários. E seu técnico, Morten Olsen, pensa em poupar Nicklas Bendtner e Simon Kjaer no primeiro jogo contra a Holanda. Parece que a Dinamarca acha mais prudente jogar com força máxima contra Camarões e Japão e assegurar o segundo lugar no grupo.
Outra equipe no grupo é Camarões, equipe que desperta muita simpatia mundo afora em função de seus bons resultados nas Copas de 82 e 90. Mas a verdade é que o time de Camarões atual não arranca mais suspiros, embora tenha o ótimo Eto’o no ataque. Mas quando o grande nome do time atual começa a agredir ao grande Roger Milla, é sinal que os nervos estão em frangalhos.
Já o Japão vem com um time realmente japonês. A grande maioria dos jogadores joga lá mesmo, na terra do sol nascente, e os poucos que jogam na Europa estão em times pouco expressivos. Não há grandes ambições na seleção japonesa.
Feitas as contas, afirmo que Holanda ficará em primeiro lugar e a Dinamarca em segundo. E aquela que for derrotada no jogo inicial só correrá risco de se classificar se Samuel Eto’o ter uma atuação de gala no dia em que o enfrentarem.
Grupo F – Itália, Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia
Por Ricardo Chagas
A Azzurra, segunda seleção da maioria dos Palestrinos, chega à África do Sul para defender seu título cercada de desconfiança. Com um elenco desgastado e dependendo do talento de seus veteranos, a equipe é apenas um esboço do time que ganhou a Copa da Alemanha.
Apesar da boa campanha nas Eliminatórias, com 7 vitórias e 3 empates, os últimos amistosos preparatórios para a Copa foram decepcionantes e acenderam, definitivamente, o sinal amarelo na equipe de Marcelo Lippi.
No Mundial da Alemanha, a Itália também estreou criticada por imprensa e torcedores. Será novamente o destino da Azzurra? Avançar aos trancos e barrancos e surpreender no final? Não creio. Apesar de contar com uma boa defesa, com a segurança de Buffon e Canavarro, o meio campo é extremamente dependente de uma atuação segura de Pirlo, que chega a Copa sem a melhor condição física.
Obviamente, uma seleção com 16 participações em Copas e com quatro canecos na estante sempre será uma das favoritas.
Em um dos grupos mais fáceis da Copa, passará sem dificuldades para a segunda fase. Como segundo colocado do grupo, aposto no Paraguai, que mesmo sem o ídolo Cabañas, superará a estreante Eslováquia e a inexpressiva Nova Zelândia.
Grupo G – Brasil, Coréia do Norte, Costa do Marfim e Portugal
Por Carlos Albano
Não ignoro minhas origens. Pais portugueses e, exceto um irmão, toda família portuguesa. Meu pai foi diretor de patrimônio da Lusa. Passei a estranha década de 70 no Canindé para defender as cores da Lusa no judô. Tinha tudo para ser um dos 32 torcedores da Leões da Fabulosa, mas virei palmeirense sabe-se lá por obra de quem. Talvez do Divino. Não a divindade, mas sim aquele sarará elegante, de trato respeitoso à bola. Nem por isso me desliguei do interesse pelo futebol lusitano. Tanto cá quanto lá na “terrinha”.
E aqui estou eu trazendo notícias da enigmática Seleção Portuguesa. Isso porque, apesar dos bons jogadores, oscila muito entre bons jogos e partidas que merecem o total esquecimento. Desde as eliminatórias, onde conquistou a vaga na bacia das almas. E que, mesmo às portas da estréia da Copa do Mundo, insiste em deixar os corações portugueses apreensivos.
Fizeram, nos últimos dias, dois amistosos preparatórios. No primeiro, tendo a desconhecida seleção de Cabo Verde à frente, o selecionado português teve muito trabalho para manter um penoso zero a zero e os espectadores acordados. Um time pesado, sem movimentação, forte na defesa (considerando o fraco ataque do adversário) um meio sem criatividade e postado muito atrás. Um ataque totalmente dependente da criatividade de Cristiano Ronaldo e a movimentação de Liédson.
Já contra Camarões a mudança foi notável. Não só considerando o largo placar de 3 a 1 numa seleção que também está na Copa, mas pela diferença na forma de jogar. Jogou num 4-3-3, com uma defesa muito bem postada, com um cabeça-de-área, dois meias, dois pontas e um centroavante. Com Deco vindo buscar jogo para armação, Portugal se mostrou bastante perigoso na roubada de bola, ocasionando perigosos contra ataques que, “Cristilenny” Ronaldo, com suas insípidas pedaladas, fez o favor de matar muitas vezes.
Uma característica a se considerar é o jogo pelas pontas, principalmente pela direita com o bom jogador Nani que, inclusive, entrou no segundo tempo no lugar de Simão e marcou um golaço. Liédson, jogador de área, foi substituído pelo veloz Danny que, diferente dele, cai mais pela esquerda formando uma interessante e rápida linha de 3 atacantes com Ronaldo no meio e Nani pela direita.
Acabaram de jogar contra Moçambique e venceram pelo placar de 3 a 0. Ficou claro que é a equipe a ser batida pelo Brasil. O ataque se arrumou e mostrou muita velocidade e alternativas de jogadas com dois pontas abertos e Deco mais recuado atuando como armador e homem de chegada. Confirma, portanto, a tendência que tinha ao jogar ofensivamente: vai dar trabalho!
Como nota ruim, o jogador Nani que vinha sendo considerado a melhor aposta para este mundial, foi cortado por contusão na clavícula.
Opinião sobre o grupo
Brasil é franco favorito para vencer este grupo. E isso nem se discute.
A seleção canarinho vem de jogos nem tão bons, mas é inegável a eficiência desse futebol pragmático de Dunga com uma única premissa tática: defender sempre, fazer gols se possível. O Brasil está definido. Não vai arrancar suspiros nem entusiasmar os mais exigentes, mas está credenciada como um dos favoritos ao título pela segurança que demonstra. A criatividade deu lugar à força defensiva e à velocidade do ataque. O talento individual deu lugar ao espírito coletivo tão valorizado por Dunga. Apesar do jogo burocrático, acredito no primeiro lugar com folga para a nossa seleção que pega, de início, a misteriosa Coréia do Norte que é, teoricamente, a equipe mais fraca deste grupo e, de fato, a pior colocada no ranking da Fifa a participar desta copa.
A Coréia do Norte joga como a maioria das seleções asiáticas: com muita correria, muita obediência tática, muita ingenuidade e alguma habilidade por conta do perigoso Hong Yong-Jo, o “Rooney asiático”, que merece alguma atenção do sistema defensivo brasileiro sob pena de levarmos alguns sustos. Seu ponto forte é a abnegação defensiva. Continuam reclusos, concentradíssimos e treinando com portões fechados. E se fecharam mais ainda depois da derrota para a Nigéria por 3 a 1 em amistoso. Nem mesmo quiseram comentar o resultado. Não acredito em surpresas, exceto a intervenção do ditador coreano Kim Jong-II na escalação da equipe.
Portugal tem jogado de forma bem irregular, mas não dá pra ignorar as qualidades individuais. Destaque para Cristiano Ronaldo, Deco e a boa revelação, Danny. Também teremos a volta do “brasiluso” Pepe ao grupo que, junto com os outros dois brasileiros, Deco e Liédson, têm sido a espinha dorsal da equipe. Destaque especial para a torcida que promete uma grande festa e muito apoio à armada Lusitana.
Costa do Marfim tem algo a dizer. É um time forte, que marca forte (às vezes com violência) e tem em seu ataque seu maior trunfo. Teve o melhor ataque das seletivas africanas marcando 19 vezes. E conta com jogadores experientes que atuam com destaque na Europa como Eboué, Kalou, Touré e Drogba, que teve uma lesão no cotovelo, passou por cirurgia e pode retornar já na segunda rodada, contra o Brasil.
A primeira vaga tem dono. Acredito na classificação sem sustos, em primeiro lugar, do Brasil. A segunda vaga deverá ficar entre Portugal e Costa do Marfim que farão o jogo de abertura do grupo. Será o jogo decisivo para as duas equipes. Quem vencer deverá ser o virtual concorrente do Brasil para a liderança do grupo, desde que nenhum deles perca pontos para a Coréia do Norte. No embate direto, Portugal leva ligeira vantagem pela tradição e forma de jogar onde tem uma boa defesa e um eficiente contra ataque.
Espero, sinceramente, que Portugal consiga todos os pontos possíveis, assim como o Brasil, para que façam o último jogo dessa fase para definir o vencedor do grupo. Vai ser um jogaço, pois é importante lembrar que o segundo colocado pega, na fase seguinte, uma das favoritas ao título mundial: a Espanha, virtual vencedora do grupo H.
Minha aposta:
1º - BRASIL
2º - PORTUGAL
3º - COSTA DO MARFIM
4º - CORÉIA DO NORTE
Grupo H – Espanha, Suíça, Honduras e Chile
Por Vanessa Michelin
Parece que agora a Fúria vai, ao menos, dar muito trabalho nessa Copa do Mundo. A Espanha aparece em qualquer análise como uma das grandes favoritas a levar o caneco, embora sempre façam questão de lembrar a irregularidade da seleção em momentos decisivos. O que não podemos esquecer é que, desta vez, os espanhóis figuram entre os favoritos não só pelo futebol vistoso, mas também pelos resultados. Campeã da Euro 2008 e com campanha 100% nas últimas eliminatórias, a seleção espanhola tem como grande destaque o refinado toque de bola, a objetividade e, obviamente, “os selecionáveis”. Poucas seleções no mundo podem formar um meio campo tão qualificado, com Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e Fábregas, além de contar com David Villa no ataque. O atacante recém-contratado pelo Barcelona por uma pequena fortuna deve, ao longo da competição, ganhar a companhia de Fernando Torres, que vem voltando de contusão. Torres foi decisivo na vitoriosa campanha da Euro e é um jogador técnica e fisicamente acima da média, mas que ainda necessita ganhar ritmo de jogo. Enquanto ele não está pronto para os 90 minutos, outros bons jogadores como o meia-atacante David Silva e a jovem revelação do Barça, Pedro, aparecem como grandes opções para o técnico Vicente Del Bosque formar o ataque. Sem contar que no gol a Fúria terá um dos melhores do mundo na posição, o experiente Iker Casillas.
Na última Copa, a Espanha não deixou boa impressão ao “amarelar” logo contra a França nas oitavas-de-final. Com pinta de favoritos e voando em campo, os espanhóis passaram atropelando na primeira fase e voltaram a passar vergonha na hora decisiva. Hoje, já mais madura, a seleção espanhola deve novamente nem se dar conta dos adversários do grupo H. Uma boa notícia para nós brasileiros, já que o segundo colocado deste grupo pegará o vendedor do grupo G, que muito provavelmente será a seleção de Dunga, o anão acéfalo. Sendo assim, a missão indigesta de enfrentar os selecionáveis da CBF logo nas oitavas deve ficar entre Chile e Suíça.
A seleção do argentino Marcelo Bielsa fez boa campanha nas eliminatórias sulamericanas e volta a disputar uma Copa do Mundo depois de 12 anos. Na última edição da qual participou, os chilenos também cruzaram com o Brasil nas oitavas e foram logo levando de 4 x 1, dando adeus ao mundial. Desta vez, a seleção chilena não terá os lendários Zamorano e Marcelo Salas como em 98, mas conta com uma boa geração. No meio, nosso Mago Valdivia ainda é reserva e disputa posição com o bom Matías Fernández. No ataque, Bielsa terá boas opções e bem conhecidas dos tempos de Libertadores da América, entre eles o habilidoso Alexis Sanchéz e o goleador-orelhudo Humberto Suazo. Só que se o Chile quiser mesmo chegar ao mata-mata, terá um adversário enjoado no grupo.
A Suíça não tem uma grande seleção e um futebol de encher os olhos, mas promete dar trabalho com o seu famoso ferrolho defensivo. Em 2006, a seleção foi eliminada da Copa sem tomar sequer um golzinho no tempo normal. Após empatar em 0 x 0 com a Ucrânia, os suíços perderam a vaga para as quartas-de-final nos pênaltis. Dois anos depois, sediou a Eurocopa junto com a Áustria, acabando sendo eliminada ainda na primeira fase com uma campanha pífia. A Suíça então trocou de técnico e conseguiu a classificação para a Copa com a primeira colocação em seu grupo das eliminatórias. Sem muitos nomes interessantes, a seleção suíça conta com os “internacionais” Ziegler e Marco Padalino, ambos da Sampdoria, além de Senderos como destaques. A “baba” do grupo será, sem dúvida nenhuma, a seleção hondurenha da qual nem vou perder meu tempo falando.
Minha projeção é de que a Espanha leva fácil a primeira colocação e deva enfrentar Portugal nas oitavas. A tarefa desagradável de pegar o Brasil ficará, ao meu entender, com o Chile, embora a Suíça também tenha chances. Já Honduras vai para a África do Sul tirar foto com zebra, leão, elefante e com uma das trocentas estátuas de Nelson Mandela espalhadas pelo país, além, é claro, de levar surra atrás de surra nas quatro linhas. O grande barato será ver a Fúria em campo com o futebol mais bonito do mundo, coisa que já foi nossa e não é mais faz algum tempo. Será que dessa vez eles amarelam de novo? Se cuida, Dunga!
Fontes: pt.fifa.com, globoesporte.globo.com, Revista Placar.
Fiz um post parecido no meu blog e temos opiniões semelhantes sobre quem vai se classificar nesses grupos.
ResponderExcluirAgora é só conferir. Amanhã começa!!