domingo, 19 de setembro de 2010

PALMEIRAS SEM VERGONHA PERDE VERGONHOSAMENTE PARA O ANTI-TIME

Minha vontade é começar este texto repetindo, novamente, a palavra vergonha. E isso não seria exagero algum de minha parte. E eu não estou falando apenas do episódio de hoje, mas de todo um histórico que vem aumentando seus capítulos há um bom tempo, o que piorou desde o fatídico fim de 2009. Tenho vergonha de alguns (alguns?) jogadores que atualmente vestem a nossa camisa, mas isso não é nada perto da vergonha que tenho da atual diretoria, na qual eu confesso que acreditei, mas mostrou-se omissa e incapaz.

Do jogo contra as madames, nesta tarde, posso dizer que foi ruim, daqueles em que você pensa “poxa, eu devia ter ido para aquela festa chata que me convidaram”. Não foi um show de horrores como os dois clássicos “trash” que o Palmeiras fez contra o Vasco, neste ano – e alguns que o timinho das bichas também tem feito –, mas também não foi nada bom. Um primeiro tempo cheio de erros, “pegado”, com faltas duras (e por vezes mal punidas), poucas chances de gol. Sério, o Mano Menezes não tinha jogo melhor pra ver hoje?

No primeiro tempo ainda tivemos a expulsão de Felipão. Sobre isso, tenho a dizer que ele poderia evitar, mas que o árbitro também foi rigoroso como não é de hábito com outros. O técnico diz que falou ao Tadeu para avisá-lo de que a barreira numa cobrança de falta do Palmeiras estava errada (e realmente estava), que até o filho dele de cinco anos sabe contar onze metros. O repórter da Band disse que as palavras de Felipão afirmavam que seu filho de cinco anos apitava melhor que o árbitro. Em todo caso, como disse o próprio repórter da Bandida, foi rigoroso demais tendo em vista o que se ouve na beira de um gramado, sem punição tão dura. Alguns dizem que Felipão e Kléber podiam evitar certas punições por reclamação, eu concordo em partes, porque com o Palmeiras nada pode, com os outros tudo pode, ninguém faz nada e é ridículo ficar de cabeça baixa diante disso. Está claro o tratamento desigual em relação ao Kléber, evidente a rigidez maior com Felipão, porém, eles não são os responsáveis por resolver a situação, e reclamando só pioram as coisas. Mas o que fazer se quem deve reclamar parece não ver nada?

No segundo tempo o jogo só piorou. Para nós. Não que o super time da soberana tenha feito uma grande segunda etapa, mas fizeram o suficiente, e o Palmeiras também, para a vitória delas. Sem querer me alongar, não estou com muita vontade de falar nisso, gols de Lucas (quem?) aos 9 minutos, de Fernandão aos 31. Alguma pressão delas, pouca atitude nossa. O Palmeiras já tem um ataque patético, sem o nosso Gladiador é risível, Valdívia não está em sua melhor forma e, mesmo que fosse o caso, dificilmente resolveria tudo sozinho. Quando sai um de seus ótimos passes, que servem os atacantes para o gol, não há quem resolva. E a nossa defesa? Às vezes tão sólida e tão ruim, no mesmo jogo, é uma irregularidade assustadora.

Hoje o Palmeiras entrou em campo com uma camisa linda, saudosa, carregando a bandeira de nosso país, fazendo menção ao que aconteceu há 62 anos, quando elas se aproveitaram de uma medida ridícula do governo nacional para tentar tirar o que é nosso. Na ocasião o Palestra foi forte, tornou-se Palmeiras, continuou campeão. E as vitórias do “novo” Palmeiras começaram no dia 20 de setembro de 1942, logo após mudar o nome, contra o adversário que se tornou então inimigo. Afinal, não é fácil ser ameaçado de perder seu patrimônio, ter que trocar de nome, e ainda contar com a apunhalada nas costas de quem você, anos atrás, ajudou a não falir.

Confesso que a alegria de saber que os jogadores entrariam em campo com aquela camisa igualou-se à frustração de ver que ela foi tirada antes mesmo do hino. Depois, ao decorrer do jogo, refleti que esse time realmente não merecia passar tanto tempo com aquele manto, seria uma vergonha ainda maior. Já não merecem o escudo que carregam no peito. Mas talvez eu esteja certa em pensar que, embora a decepção, vergonha e raiva pelo resultado de hoje, vitórias e derrotas existem, mas aquela camisa, aquele breve ritual da bandeira brasileira carregada pelo então Palmeiras, sempre Palestra, foi algo importante para nos lembrar, em dia tão ruim, quem é o verdadeiro campeão e quem é o covarde que apunhalou e depois fugiu. Há coisas que jamais devemos esquecer...

Eu temo pelo Palmeiras. Por mais que saiba da força e da história, por mais que a própria lembrança da Arrancada Heróica me faça pensar que quando tudo estiver perdido, o Palmeiras encontrará sempre uma forma de se levantar e vingar aqueles que o tentaram derrubar, confesso que temo. Temo porque a História nem sempre se repete, pelo contrário, geralmente surpreende os mais seguros. Temo porque tenho visto muita falta de vergonha e competência, de um time tão medíocre, de uma diretoria patética que de alta só tem o nariz empinado. Está na hora de os jogadores entenderem que é preciso sempre aquela determinação de alguns jogos, é preciso o Felipão falar menos e fazer mais, mas é preciso, principalmente, que Arena e eleições não façam com que o futebol seja visto como algo banal. O que estão fazendo? Cadê aquele Belluzzo que dizia “vamos de jegue, se preciso, mas venceremos esses caras”, o Belluzzo que batia na mesa e dizia que não venderia jogador, que pressionava arbitragem? Está dormindo ou acha que a Arena vai fazer algum sentido com o Palmeiras jogando esse futebol de segunda divisão? São coisas importantes, claro, mas precisam aprender a dar real valor ao que faz o restante existir. E nós precisamos aprender a não esperar tanto de quem, muitas vezes, mal pode dar o mínimo. Está difícil, a torcida da qual tanto reclamam tem sido a única coisa boa neste ano, mas paciência também acaba.

Créditos a imagem: uol

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