terça-feira, 16 de junho de 2009

OS VERDADEIROS LIBERTADORES DA AMÉRICA

Noite de junho de 1999. Outono em seu final, frio de congelar em São Paulo. Todos os olhos num só lugar: o gramado do Jardim Suspenso. O Palestra Itália virou a casa de todos os latino-americanos. Mais de 30 mil pessoas sofreram de perto, compartilhando medo e esperança com aquele ao seu lado. Lá, no centro, dois times, dois verdes, um só título. O vencedor dessa batalha? Os verdadeiros Libertadores da América.

Eram passados quase 85 anos, muitos títulos, milhões de torcedores e uma obsessão: o topo da América. Um grande investimento, um trabalho incessante. Um sonho. Naquele 16 de junho ou o mundo ruía ou seria a maior glória da história de um time glorioso. Um filme passou na cabeça do torcedor, no palco da batalha ou em frente à televisão. Passaram Cerro Porteño, Olímpia, Vasco, Corinthians e River Plate. Agora frente a frente com o Deportivo Cali.

Antes que o coração desistisse de suportar, a bola começou a rolar. O frio só aumentou. Os graus Celsius já eram negativos no corpo do torcedor. Em campo, heróis. Marcos, o São Marcos, Alex, Zinho, Paulo Nunes, Oséas, Galeano, Rogério, Evair, Euller, Arce, Junior, César Sampaio, Junior Baiano, Roque Junior... Felipão. Outrora foram Simón Bolívar, Dom Pedro I, José de San Martín, Antonio José de Sucre e Bernardo O'Higgins, que deram o nome à maior competição de futebol da América Latina.

As redes não balançaram na primeira etapa. Já faziam -100 ºC. Evair fez o clima esquentar. Pênalti e gol do matador. Junior Baiano fez o contrário. Numa bobeira, penalidade máxima. O empate veio, o título estava fugindo de nossas mãos e o torcedor engasgou com a angústia, mal podia falar. Atônitos. E atônitos viram Junior cruzar e Oséas marcar. Explosão em verde e branco, mas o temor não havia acabado ainda. O jogo sim. O apito final veio e a hipotermia era questão de tempo para o torcedor.Nem lágrima podia cair do rosto palmeirense, completamente congelado, quando Zinho chutou na trave. A esperança tinha um nome: São Marcos. Ele precisava ser herói de novo. Não erramos mais. Eles, na quarta cobrança empataram, a nosso favor. Euller, com categoria, encerrou as cobranças para o Palmeiras.

Agora, não leia, não veja, esqueça tudo a sua volta. Apenas ouça. Feche os olhos, relembre, chore. Tem coisas que não se faz necessário o uso de palavras. E parabéns, campeão da América!
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CAMPANHA

21/02: Palmeiras 1 x 0 Corinthians – Morumbi/SP
03/03: Cerro Porteño 2 x 5 Palmeiras – Defensores del Chaco | Assunção/PAR
05/03: Olímpia 4 x 2 Palmeiras – Defensores del Chaco | Assunção/PAR
12/03: Palmeiras 1 x 1 Olímpia – Palestra Itália/SP
17/03: Corinthians 2 x 1 Palmeiras – Morumbi/SP
07/04: Palmeiras 2 x 1 Cerro Porteño – Palestra Itália/SP
14/04: Palmeiras 1 x 1 Vasco – Palestra Itália/SP
21/04: Vasco 2 x 4 Palmeiras – São Januário/RJ
05/05: Palmeiras 2 x 0 Corinthians – Morumbi/SP
12/05: Corinthians 2(2) x (4)0 Palmeiras – Morumbi/SP.
19/05: River Plate 1 x 0 Palmeiras – Monumental de Nuñes
26/05: Palmeiras 3 x 0 River Plate – Palestra Itália
02/06: Deportivo Cali 1 x 0 Palmeiras – Pascual Guerrero | Cali/COL

Ficha técnica: Grande Final
Palmeiras 2 x 1 Deportivo Cali (Pênaltis: Palmeiras 4 x 2 Deportivo Cali)
Estádio: Palestra Itália/SP
Data: 16/06
Arbitro: Ubaldo Aquino (PAR)

Palmeiras: Marcos, Arce (Evair), Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério, Alex (Euller) e Zinho; Paulo Nunes e Oséas.
Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Deportivo Cali: Dudamel, Pérez (Gavíria), Yépes, Mosquera e Bedoya; Viveros, Zapata, Candelo (Hurtado) e Betancourt; Bonilla e Córdoba (Valencia).
Técnico: José Hernández.

Gols: Evair (pênalti) 19’ 2º/T, Zapata 24 2º/T e Oséas 30’ 2º/T.
Cobrança de Pênaltis:
Palmeiras: Zinho (perdeu), Júnior Baiano, Roque Júnior, Rogério e Euller
Deportivo Cali: Dudamel, Gavíria, Yépez, Bedoya (perdeu) e Zapata (perdeu).

ESPECIAL LANCE!


3 comentários:

  1. O dia 16/06/1999 foi mágico, maravilhoso! Só de pensar, já me arrepio.

    Quanto sofrimento até chegar ao resultado final! Com a força das mentes de milhões de palmeirenses espalhados pelo mundo, colocamos aquela bola pra fora.

    Conquistamos um título tão almejado e que, outrora, não significava tanto.

    Vimos nossos jogadores se doarem, suarem sangue, honrarem a camisa com o coração.
    Vimos nosso Santo surgir, com suas mãos abençoadas e seu semblante que irradiava uma luz pura.
    Vimos garra, força, vontade, jogadas geniais de um camisa 10 que nos deixou saudade...tantas coisas! Tantas lembranças! Como descrever tudo? Impossível! Mas você, palestrino, pode fazer como foi sugerido: feche os olhos e volte no tempo. Essa emoção, ninguém tirará de nós! Jamais!
    ...
    Meu corpo até dói tamanho arrepio senti ao ouvir o áudio. Galvão, você é um bosta, mas mandou bem nessa.

    Parabéns, Palmeiras! Que neste ano de 2009, possamos comemorar assim novamente!!!

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  2. Ao ouvir esse audio fiquei imaginando como deve ter sido estar naquela torcida! hahahaha
    Poxa vida, que lembrança boa, nem sei o que dizer...

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  3. Jamais esquecerei essa noite..o nervosismo...a tristeza...a esperança e finalmente a alegria redentora.

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