sexta-feira, 25 de junho de 2010

GRUPO E - DE OLHOS BEM ABERTOS

Por Vanessa Michelin

Desde muito tempo se ouve que a “próxima Copa” será a “Copa dos africanos”. Não havia melhor oportunidade de isso acontecer do que justamente no primeiro mundial do continente. Mas ficou só na conversa... De novo. Camarões foi mais uma das decepções. Nem Eto’o faz milagre num time tão frágil. A Holanda se aproveitou da fragilidade camaronesa, ainda abalada pela eliminação antes da última rodada, jogou o necessário para vencê-los e ainda terminou a primeira fase com 100% de aproveitamento; campanha que só a Argentina repetiu neste mundial. A seleção holandesa não é exuberante, mas é competente e qualificada. No outro jogo do grupo, Japão garantiu a vaga batendo a Dinamarca, que desde sempre teve muito mais grife do que bola. Aliás, os japoneses parecem que aprenderam a jogar isso direitinho, que dirá esse Honda, meia do CSKA. Bons taticamente, acertadinhos na defesa, muito competentes na bola parada e ainda com momentos de futebol bonito, essa seleção vai encher o saco do Paraguai. Já o tom laranja da camisa da Holanda assusta, mas não tanto quanto deveria. Um dia eles levarão a taça, será que vai demorar tanto assim?

A Holanda sabe jogar bola, disso ninguém dúvida. Contra Camarões encerrou a primeira fase de forma impecável. Não fez nada espetacular, nenhum jogo maravilhoso, nem mostrou um futebol que assustou os adversários, mas foi muito competente. Em campo sempre teve domínio das ações ofensivas, controlou os jogos com precisão cirúrgica e fez o necessário sem levar sustos. Contra os companheiros de Eto’o, que já não é mais aquele atacante espetacular do Barcelona campeão europeu em 2006, não foi diferente. Van Persie, excelente atacante do Arsenal, abriu o placar num bonito chute cruzado. A seleção camaronesa ensaiou uma reação e empatou antes dos 20 minutos do segundo tempo com Eto’o, de pênalti. E então o grande nome holandês estreou na Copa.

Arjen Robben, diferentemente dos africanos, não fica só na conversa. Já era um belo jogador no Chelsea, mas acabou tendo uma queda na carreira quando se transferiu para o Real Madrid. Curioso, não é? Mas é verdade. Tanto ele quanto o ótimo Sneijer, hoje na Inter de Milão, e Rafael van der Vaart, ainda em solo merengue. Robben então se transferiu para o Bayern de Munique e reencontrou o bom futebol ao lado de Frank Ribéry. Machucou-se num lance ridículo nos amistosos de preparação para a Copa e desfalcou a Holanda nas duas primeiras partidas. Contra Camarões, o craque holandês não começou jogando, mas entrou na segunda etapa. Não só entrou como participou diretamente do gol da vitória. Com um pouquinho de sorte, teria feito um golaço. Construiu uma linda jogada e acertou uma bomba na trave, no rebote Huntelaar conferiu.

Foi uma vitória simples, assim como o futebol apresentado, mas fez o resultado. A Holanda tem qualidade na frente e no meio, além de ter segurança na defesa. Um time acertadinho que pode sim aprontar nessa Copa. Agora terá pela frente a seleção eslovaca, que eliminou a Itália no jogo, até agora, mais emocionante e dramático deste mundial. Ao contrário dos italianos, que vivem crise técnica e necessitam de uma grande reformulação no futebol nacional, os holandeses não devem passar a mesma dificuldade. Se o Brasil de Dunga passar pelo Chile, o que deve acontecer, muito provavelmente terá a Laranja Mecânica nas quartas-de-final. Um dos maiores clássicos da história das Copas, que foi semifinal em 94 e 98. Um jogão! Laranjas e amarelos se encontrarão? Bom pro futebol, ruim pra quem perder.

No outro jogo do grupo, o que realmente valia alguma coisa, Japão e Dinamarca disputaram a última vaga. Os japoneses precisavam apenas do empate, então começaram fazendo cera. Não aprenderam a fazer isso direito, mas algo Zico deixou de bom em sua passagem por lá. O japonês loiro, Honda, abriu o placar em bela cobrança de falta aos 17 minutos. E mais uma vez de falta, ao 29, o Japão ampliou o placar, dessa vez com Endo. Os dinamarqueses, que conseguiram boa vitória contra Camarões na segunda rodada, mal conseguiram jogar. O time nipônico se fechou e não deu chances para moles nórdicos.

Na segunda etapa, chuveirinho dinamarquês. Mas o que choveu mesmo foram faltas estúpidas de seus atacantes desengonçados. Ainda assim, eles diminuíram aos 35. Hasebe derrubou Agger na área, pênalti besta bem assinalado. Tomasson parou na defesa de Kawashima, mas marcou no rebote. Reação dinamarquesa? Que nada. O Japão aplicou um ippou na seleção européia, com o perdão da piada ruim. Depois de bonita jogada, Honda recebeu na área e deu um lindíssimo drible, deixando o zagueirão tonto, e só rolou para Okazaki concluir. Agora os asiáticos pegam a arrumada seleção paraguaia, levarão ânimo e minha torcida para o duelo. Vale comentar a boa Copa que vem fazendo o brasileiro Túlio Tanaka na zaga japonesa. Boa sorte para japoneses e holandeses, que continuem com o bom futebol!

Créditos da imagem: GE.

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