Tanta gente, durante tanto tempo, desdenhava a Copa Sulamericana. Nós, inclusive. Bastou uma vaga para a Libertadores que tudo mudou. E bastou ao Palmeiras apanhar do Vitória em Salvador para Felipão finalmente começar as mostrar suas garras. No final de semana, veio a primeira vitória. Nesta quinta, uma classificação sensacional. A torcida apoiou de uma forma que não fazia há muito tempo e o time jogou como ainda não havia jogado neste ano de 2010. Os 3 x 0, resultado difícil que ainda não havia acontecido nesta temporada, pode significar muito mais do que uma simples vaga para a sequência da competição. Pode representar o ressurgimento de um Palmeiras forte, brigador e raçudo, com a cara do comandante. A linda vitória, com um lindo gol de Marcos Assunção, também foi um presente de 500 jogos para o goleiro Marcos, Santo e mito alviverde. Nesta noite, o Palmeiras foi Palmeiras, e nada mais é necessário quando isso acontece.
Foi uma festa linda do começo ao fim. A torcida, convocada por Marcos e Felipão, compareceu ao Pacaembu e, embora não de forma suficiente para lotar o estádio municipal, deu um espetáculo. A começar pela homenagem aos 500 jogos de São Marcos, com lindos mosaicos. Durante o jogo, do primeiro ao último minuto, os palmeirenses cantaram e empurraram a equipe que correspondeu em campo. Felipão manteve o time que iniciou a partida do sábado, pelo Brasileirão, mesmo depois de ter sinalizado que poderia começar com três atacantes. Logo no início o Vitória parecia à vontade com a vantagem obtida na primeira partida. Muita cera, pouca vontade e até algum perigo quando o Palmeiras ainda se organizava no gramado.
Depois de alguns minutos, finalmente o Verdão se encontrou e passou a dominar a partida. Enquanto Marcos praticamente não sujou o uniforme, o Palmeiras pressionou e chegou a meter uma bola na trave com Tadeu. Mais cera do time baiano, agora com o goleiro cagão, o colombiano Viafara. Nem isso esfriou a pressão, pelo contrário. Com a enrolação do Vitória, o tempo acrescido foi o suficiente para abrirmos o placar. Aos 47, Tadeu recebeu lançamento e saiu na cara do goleiro. O centroavante tocou por cima e mesmo com desvio de Viafara, a bola morreu nas redes. O gol que dava tranquilidade e mais esperança para o segundo tempo.
As duas equipes voltaram do intervalo sem alterações, assim como o jogo. O Palmeiras ainda era o dono das ações e, assim, logo no início da etapa final, marcou o segundo gol, o segundo de Tadeu. Dessa vez contamos com lambança do goleiro colombiano, que saiu mal do gol e tocou a bola nos pés de Fabrício. O zagueiro-lateral lançou Márcio Araújo na área, que teve chute desviado. Na sobra, Tadeu não perdoou. Depois do gol, a partida ficou mais aberta. O Vitória tentou reagir e até incomodou. Mas nada adiantaria nesta noite. Felipão mudou a equipe, Ewerthon substituiu Fabrício e botou o time teoricamente mais à frente. Um tempo depois, foi a vez de Luan sair para a entrada de Patrik. Parecia que o jogo se encaminharia para os pênaltis. Parecia. Só se esqueceram de avisar o Marcos Assunção.
Aos 43, falta para o Palmeiras cobrar. Era de longe, mas Marcos Assunção ajeitou com carinho. Dificilmente o volante não acerta o gol, mesmo que a bola não entre. Hoje entrou. Assunção bateu com rara felicidade, forte e no ângulo esquerdo de Viafara. Não foi só um gol de falta. Foi um golaço! Gol responsável por uma vibração ainda maior da torcida. O Palmeiras fez aquilo que há uma semana parecia quase impossível. Jogou com a cara de Felipão, com a cara de Palmeiras. Quando o juiz apitou o final de jogo, todos os jogadores, liderados por São Marcos, correram em direção às arquibancadas. A torcida merecia. Camisa por camisa, inclusive a valiosa 12, foi parar nas mãos de sortudos palmeirenses.
Marcos e Ewerthon quebraram o silêncio na saída e as palavras do atacante refletem muito do que foi o jogo desta quinta: “esse é o Palmeiras!”. Felipão demorou alguns jogos para pegar o jeito do time, mas mesmo com seus principais jogadores torcendo e comemorando a classificação no camarote, jogou com uma vontade e dedicação incrível. Definitivamente foi incrível. Até Tadeu, que é o Tadeu, fez dois gols e uma ótima partida. Mostrou personalidade. Marcos Assunção, que já não é mais nenhum menino, prova a cada partida que sua bola parada pode ser importantíssima para essa equipe. Na sequência da competição o Verdão poderá contar com Kléber, Valdivia e Lincoln, e também com um aliado importantíssimo: a motivação. Scolari sabe como ninguém como vencer um mata-mata. E parece que começa, de forma vibrante, a unir time e torcida. Que assim seja! E parabéns aos torcedores que foram ao Pacaembu e fizeram essa bela festa. Hoje foi Palmeiras com cara de Palmeiras e palmeirense com cara de palmeirense.
Créditos da foto: Ari Ferreira/Lance Press.
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