quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O BOM FILHO À CASA TORNA

Dois longos anos separaram Valdivia do Palmeiras. Dois anos miseráveis. Em meados de 2008, o torcedor pediu, implorou, mas ele se foi. Com ele também partiu parte da empolgação do palmeirense em ver um jogo de seu time. É obvio que todos continuamos torcendo, por um período vendo Kléber, até Diego Souza em boa fase, sem esquecer São Marcos, mas era diferente. Quando El Mago Valdivia se despediu, parecia que tínhamos perdido um amigo próximo. Doeu mais do que a perda do título Brasileiro naquele mesmo ano. Aliás, perda que passou muito pela saída do camisa 10. E agora, aqui está ele. O momento é difícil, o time é mediano, mas o palestrino confia no Mago. De certo sozinho ele não fará nada, mas o gosto de vê-lo novamente com o manto alviverde imponente já vale o ingresso. E ele, Valdivia, vale cada centavo que lhe foi gasto.

A história de Valdivia no Palmeiras já é bem conhecida e, até agora, ainda curta. Chegou no segundo semestre de 2006 como um jogador desconhecido e com a expectativa de ser mais um gringo a não dar certo pelas bandas do Palestra Itália. Afinal, já foram tantos. Quando começou 2007, com Caio Junior, Valdivia ganhou a 10 e absoluta titularidade. Mas quem realmente “ganhou” foi o torcedor. El Mago se tornou motivo para piorar o trânsito da Turiassu em dia de jogo. Todos queriam ver o camisa 10 sorridente e irreverente jogando. Queriam ver o que de diferente ele iria aprontar para o adversário. O drible desconcertante, a graça, o sorriso. Em pouco tempo ele se tornara xodó da torcida, meu xodó.

Ainda assim, o ano de 2007 foi complicado. A equipe não conseguiu a classificação para as semifinais do Paulistão, não avançou na Copa do Brasil e ainda perdeu, de forma ridícula (o que infelizmente se tornou algo corriqueiro), a vaga para a Libertadores. Mas Valdivia compensou. Seus gols, seus passes, o passeio ao lado de Edmundo no 3 x 0 contra os fregueses, entre outras coisas, renderam a ele prêmios e carinho. O chileno, venezuelano de nascimento, ganhou status de ídolo. Em 2008 conquistou o Paulistão com um primeiro semestre quase impecável. Além dos gols, dribles e passes, El Mago também ficou marcado por ser o primeiro jogador da história do futebol a ter um cartão amarelo comemorado como um gol e cada gol comemorado como três.

Sua saída, com uma ajudinha de Luxemburgo, foi um mau negócio para ambos os lados. Nosso Palmeiras ficou sem seu craque, e nosso craque ficou sem seu Palmeiras. Mesmo com o apelo do torcedor a negociação aconteceu e o Mago seguiu para os Emirados Árabes. Durante todo esse tempo, o El Mago fazia questão de lembrar-se do Verdão em suas entrevistas. Nós, obviamente, também não o esquecemos. E como poderíamos esquecer o chileno mais palmeirense da história? Depois de tanta conversa, de tanto tempo sonhando, Valdivia finalmente está de volta à sua casa, lugar de onde nunca deveria ter saído.

Na apresentação de hoje, Valdivia fez questão de ressaltar que ainda não é ídolo e relembrou Ademir da Guia e Marcos como tais. Seu desejo é se tornar um ídolo como eles, quem sabe, já que seu contrato é de 5 anos (e que se tornem 10 como sua camisa). Mas Mago, quer queira ou não, você já é um ídolo. Pode não ter conquistado os títulos que outros tantos conquistaram, mas sua conquista foi muito mais importante do que um simples troféu: você devolveu ao torcedor palmeirense a alegria, o orgulho e a expectativa por ver seu time em campo. Devolveu a vibração, a esperança para uma torcida tão sofrida com as desastrosas campanhas da última década. Trouxe a irreverência, o drible, a jogada diferente que só um craque consegue. Não qualquer craque, mas um cara diferente. Especial. Só pode ser especial alguém que conseguiu fazer uma das torcidas mais exigentes e ranzinzas cair de amores por ele tão rapidamente. Amor que não diminuiu com sua saída, só aumentou.

Tenho certeza que Valdivia entrará para história permanente do Palmeiras, se é que já não está lá. Pode não ser o maior craque, o que mais jogou ou o que mais conquistou títulos, mas será sempre um dos mais queridos. Agora, ao lado de Felipão, São Marcos e Kléber, o Mago terá uma missão tão difícil quanto aquela de 4 anos atrás. A diferença é que não será mais um simples meia gringo desconhecido e terá boas companhias para lhe ajudar. Ídolos com carinho e admiração dos palestrinos, unidos para devolver ao Palmeiras seu lugar entre os maiores e, ao Brasil, o seu maior campeão. Seja bem-vindo de volta Valdivia, hoje, mais uma vez, o chororô é de alegria. Tremei bambis e gambás, tremei!

Créditos da foto: Terra.

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