O Passione Verde esteve “abandonado”. Estivemos ausentes por acreditar que às vezes o silêncio ajuda a esperar que certas coisas passem. Em muitas ocasiões, não podemos resolver problemas, as palavras vãs e repetidas só servem para nos fazer mal... Mas geralmente é bom voltar ao que gostamos, quando sentimos que isso pode nos fazer bem.
Há uma semana, passamos em frente ao Palestra. Como não vivemos em São Paulo, ainda não tínhamos visto o andamento das obras. E como bem disse a Mayara, ver aquilo de perto pode causar sensações muito diferentes de quando observamos uma foto. Foi difícil, ao menos para mim, observar a mudança. Aquele lugar de tantas lembranças, de tantas emoções, está deixando de existir aos poucos e inexoravelmente.
Eu sei que, ao ler ou ouvir esse tipo de declaração, a maioria das pessoas responde com aquelas frases prontas que beiram auto-ajuda barata, dizendo coisas como: “deixou de existir, mas estará para sempre dentro de nós”, ou até mesmo que o “novo Palestra” existirá e isso significa que o “velho Palestra” não deixará de existir. Bobagens de nós humanos, que não conseguimos aceitar a lei natural da vida: de que as coisas, relacionamentos e lugares, mudam, acabam e até mesmo morrem. E de que nós precisamos lidar com isso. Eu não tenho medo de assumir que sofrerei para lidar com essa mudança, sentirei muita falta do Palestra que fez parte de toda a minha vida – mesmo quando existir outro Palestra. Será difícil não ver mais o jardim suspenso, piscinas, o orelhão que faz mais parte do meu imaginário infantil que um personagem de Monteiro Lobato, as chaminés e todos aqueles edifícios. Quantas vezes, quando criança, passei um jogo chato imaginando quem morava aqui ou ali... Mas, como a Vanessa sempre faz questão de lembrar, o bom é que (esperando que saibam lidar corretamente com essa mudança inevitável, e mesmo sabendo das conseqüências ruins que ela acarreta) estamos sem estádio para ter um novo, e tem gente aí que nem o primeiro tem ainda...
E por falar nesses indivíduos, este domingo é dia de exercitar nossa rivalidade. Dia de Palmeiras x Corinthians não tem como não ser diferente, principalmente para quem vive no estado de São Paulo, como é o meu caso. As provocações começam semanas antes, e continuam por um bom tempo. E está aí um exemplo de coisas que mudam, mas no fim das contas continuam as mesmas. Pois quem diz que hoje em dia há em São Paulo alguma rivalidade maior que Palmeiras x Corinthians, é no mínimo desconhecedor do assunto e não sabe que a rivalidade caminha ao lado da tradição – também precisa observar mais como as coisas acontecem no cotidiano dos torcedores. Há coisas na vida, como disse antes, que perdemos por mudanças, mas há coisas que permanecem e resistem à ação do tempo. Eu detesto o curintia, mas sei que muitas coisas no futebol não teriam tanta graça se eu não detestasse tanto o curintia. Afinal, são tantas as alegrias recebidas...
Que neste domingo, em que resolvemos reativar o Passione, tenhamos mais uma dessas alegrias - já começou no meio da semana e nada mais justo que se complete hoje. Muitos desdenham o Campeonato Paulista, mas eu gosto bastante de ver o Palmeiras jogando com times tão próximos, que ignoramos durante boa parte do ano. É bom, também, pelas rivalidades, pelas boas lembranças (por não ser de pontos corridos). Não desprezo a liderança no Campeonato Paulista, e sei que é muito melhor dizer que sou líder a dizer que toliminado.
Imagem: Mayara Cardoso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário